Se,
abaixo dos US$ 55 por barril, a produção do pré-sal ficou inviável, então é
preciso agir em consequência disso
O reconhecimento de um
problema já é parte da solução. E ele veio com a declaração do engenheiro
Oswaldo Pedrosa, presidente da Petróleo Pré-Sal S.A. (PPSA), estatal criada
para comercializar a parcela de óleo e gás que caberá ao Tesouro quando houver
produção nas áreas concedidas pelo regime de partilha.
O que Pedrosa está dizendo é
mais do que uma advertência: abaixo dos US$ 55 por barril, a produção do
pré-sal ficou inviável, porque não remunera o investimento mais os custos
operacionais.
Os dirigentes da Petrobrás vêm
apontando para números diferentes. Garantem que o ponto a partir do qual os
preços de venda começam a compensar os custos é algo entre US$ 40 e US$ 45 por
barril.
No momento, os preços
internacionais do petróleo tipo Brent, referência da Petrobrás, estão abaixo
desse nível. Nesta última quarta-feira, por exemplo, fecharam a US$ 47,85. (Veja o
gráfico ao acima.)
Se, a esse preço, o pré-sal
está inviabilizado, então é preciso agir em consequência disso. Um jeito de
reagir é esperar pela recuperação das cotações e, só a partir daí, leiloar
novas áreas e retomar a exploração. Seria uma decisão que enfrentaria graves
riscos.
O primeiro deles é ter de
esperar demais. Os especialistas são céticos nas previsões. Nenhum deles ousa
apostar firmemente numa reação dos preços a curto prazo, ou seja, dentro de um
ou dois anos. Pedrosa, por exemplo, espera pela virada apenas “no fim desta
década”. As razões são muitas.
Os poços do Irã voltaram a
bombear óleo e a produção, hoje de 2 milhões de barris diários, deve
rapidamente saltar para mais de 5 milhões. O PIB da China, grande consumidor,
está em desaceleração. Toda a malha de produção de óleo de xisto dos Estados
Unidos, que eventualmente opere a baixa velocidade, pode ser reacelerada a
qualquer momento.
E, como já vem sendo repetido
nesta coluna, os governos vêm incentivando a produção de energia renovável para
substituir a de fonte fóssil. Ou seja, os níveis atuais de preços podem
permanecer aí por muitos anos e, nesse caso, toda a produção do pré-sal
permaneceria estancada. O segundo risco da decisão de retomar a produção só
quando os preços voltarem a saltar é o de enfrentar recaída alguns anos depois,
fato que provocaria prejuízos.
A outra atitude é aceitar a
hipótese de que os preços tendem a permanecer achatados por muito tempo e, a
partir daí, tratar de derrubar os custos. Isso implicaria rever as exigências
de conteúdo nacional para a produção de petróleo e gás no Brasil, fator que
aumenta os custos. Implicaria, também, tratar de reduzir os demais custos.
E, em terceiro, derrubar
definitivamente a exigência, fixada quando a realidade era outra, de que a
Petrobrás seja a única operadora do pré-sal, numa situação em que ela mal se
sustenta.
Em outras palavras, o
reconhecimento da PPSA é, sim, bom ponto de partida, mas precisa ter
consequência. Toda a política de petróleo tem de ser urgentemente revista, sob
pena de deixar enterrada enorme riqueza no subsolo brasileiro. In “Defesanet”
- Brasil
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