Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Macau – Chefes unidos à volta da gastronomia lusófona


























Um leque alargado da cozinha mais tradicional de seis países e territórios preenche o menu da mostra “Sabores do Mundo”, incluída no programa da 7a Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa

A cozinha do restaurante Tromba Rija abriu as portas a seis “chefs” para confeccionarem os pratos mais tradicionais de Macau, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo-Verde, Goa, Damão e Diú e Angola e partilharem experiências e técnicas no âmbito da mostra “Sabores do Mundo”, que hoje termina integrada na 7a Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa. A iniciativa destaca-se desde logo pela diversidade de cheiros, sabores, cores e apresentações.

Com raízes na Guiné-Bissau, Mafalda dos Santos mora em Almada e é em Portugal que tem há quatro anos o restaurante “Cantinho da Mafalda”. Para a mostra gastronómica em Macau, a “chef” guineense apostou em pratos como o caldo de mancarra e, para sobremesa, adocicou a boca dos presentes com mousses.

“Na cozinha da Guiné-Bissau trabalhamos com produtos naturais. Trouxe o chabéu, que é extraído da palmeira, o caldo de mancarra que é feito com a polpa do amendoim, e a siga que é feita a partir da extracção do óleo da palmeira. Para sobremesa trouxe mousses de manga e de cabaceira”, contou.

A partilha da cozinha com colegas lusófonos é vista por Mafalda dos Santos como uma importante experiência. “Aprendemos todos os dias técnicas diferentes. Trocamos experiências o que tem sido muito bonito, óptimo e fantástico”, considerou.

Goa, Damão e Diu está representada pelo jovem cozinheiro Ian Marc de Souza, proprietário do restaurante e galeria de arte “Off The Wall” onde são confeccionados pratos que “cruzam” as culturas hindu e portuguesa. Para a mostra, optou por trazer, entre outros, galinha com chouriço, linguiça e farinheira e carne frita com chili.

“A minha comida é o oposto daquela que os meus colegas confeccionam porque envolve processos muito complexos. A técnica, por exemplo, é muito diferente. Mas tenho aprendido muito porque os meus colegas usam ingredientes únicos. Cada prato é confeccionado de uma forma completamente diferente, mas está a ser, sem dúvida, uma experiência única”, destacou ao Jornal Tribuna de Macau.

Herculano Dillon de Jesus, proprietário e cozinheiro do “Lagoa Azul”, restaurante onde é servida comida macaense há quatro anos, deu a provar bafasa, tacho e minchi, numa expressão clara da fusão entre as culturas portuguesa, goesa, indiana e chinesa.

“O bafasa é um prato que tem características muito semelhantes à cozinha indiana só que, em vez do caril, leva açafrão. Já o tacho, que é um cozido ‘macaense à portuguesa’, é uma cópia do prato português apesar de não ser confeccionado com o enchido mas sim com o toucinho chinês”, explicou.

Embora sejam pratos conhecidos dos residentes de Macau, Herculano Dillon de Jesus salienta que o segredo está, sem dúvida, nos molhos e no toucinho. Já sobre o minchi, o truque é outro.

“O minchi é um prato muito conhecido. Leva batatas, que são cortadas aos cubos e têm de estar estaladiças no ponto, e carne picada de porco. É um prato que requer o uso de três tipos diferentes de molho de soja e que faz toda a diferença no sabor”.

Humberto Inácio Nhantumbo veio de Moçambique onde trabalha há 12 anos no ramo hoteleiro. “Para este almoço decidi trazer caril de carne de vaca com amendoim, que tem como base o leite do amendoim propriamente dito. Adiciona-se água para extrair o leite e coze-se com tomate e cebola. Parece fácil, mas é um prato que leva o seu tempo a confeccionar porque há uma série de pormenores a ter em conta”, esclareceu.

Unidos pela gastronomia, os seis “chefs” partilham a cozinha e, acima de tudo, novas técnicas, ingredientes e ideias, além de poderem experimentar os pratos dos colegas. “Experimentei um bocadinho de tudo mas o que me chamou mais à atenção quer pelo sabor, quer pelo facto de ser diferente, foi a cachupa de Cabo Verde”, confidenciou o “chef” moçambicano. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau

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