Um
leque alargado da cozinha mais tradicional de seis países e territórios
preenche o menu da mostra “Sabores do Mundo”, incluída no programa da 7a Semana
Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa
A cozinha do restaurante
Tromba Rija abriu as portas a seis “chefs” para confeccionarem os pratos mais
tradicionais de Macau, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo-Verde, Goa, Damão e Diú e
Angola e partilharem experiências e técnicas no âmbito da mostra “Sabores do
Mundo”, que hoje termina integrada na 7a Semana Cultural da China e dos Países
de Língua Portuguesa. A iniciativa destaca-se desde logo pela diversidade de
cheiros, sabores, cores e apresentações.
Com raízes na Guiné-Bissau,
Mafalda dos Santos mora em Almada e é em Portugal que tem há quatro anos o
restaurante “Cantinho da Mafalda”. Para a mostra gastronómica em Macau, a
“chef” guineense apostou em pratos como o caldo de mancarra e, para sobremesa, adocicou
a boca dos presentes com mousses.
“Na cozinha da Guiné-Bissau
trabalhamos com produtos naturais. Trouxe o chabéu, que é extraído da palmeira,
o caldo de mancarra que é feito com a polpa do amendoim, e a siga que é feita a
partir da extracção do óleo da palmeira. Para sobremesa trouxe mousses de manga
e de cabaceira”, contou.
A partilha da cozinha com
colegas lusófonos é vista por Mafalda dos Santos como uma importante
experiência. “Aprendemos todos os dias técnicas diferentes. Trocamos
experiências o que tem sido muito bonito, óptimo e fantástico”, considerou.
Goa, Damão e Diu está
representada pelo jovem cozinheiro Ian Marc de Souza, proprietário do
restaurante e galeria de arte “Off The Wall” onde são confeccionados pratos que
“cruzam” as culturas hindu e portuguesa. Para a mostra, optou por trazer, entre
outros, galinha com chouriço, linguiça e farinheira e carne frita com chili.
“A minha comida é o oposto
daquela que os meus colegas confeccionam porque envolve processos muito
complexos. A técnica, por exemplo, é muito diferente. Mas tenho aprendido muito
porque os meus colegas usam ingredientes únicos. Cada prato é confeccionado de
uma forma completamente diferente, mas está a ser, sem dúvida, uma experiência
única”, destacou ao Jornal Tribuna de Macau.
Herculano Dillon de Jesus,
proprietário e cozinheiro do “Lagoa Azul”, restaurante onde é servida comida
macaense há quatro anos, deu a provar bafasa, tacho e minchi, numa expressão
clara da fusão entre as culturas portuguesa, goesa, indiana e chinesa.
“O bafasa é um prato que tem
características muito semelhantes à cozinha indiana só que, em vez do caril,
leva açafrão. Já o tacho, que é um cozido ‘macaense à portuguesa’, é uma cópia
do prato português apesar de não ser confeccionado com o enchido mas sim com o
toucinho chinês”, explicou.
Embora sejam pratos conhecidos
dos residentes de Macau, Herculano Dillon de Jesus salienta que o segredo está,
sem dúvida, nos molhos e no toucinho. Já sobre o minchi, o truque é outro.
“O minchi é um prato muito
conhecido. Leva batatas, que são cortadas aos cubos e têm de estar estaladiças
no ponto, e carne picada de porco. É um prato que requer o uso de três tipos
diferentes de molho de soja e que faz toda a diferença no sabor”.
Humberto Inácio Nhantumbo veio
de Moçambique onde trabalha há 12 anos no ramo hoteleiro. “Para este almoço
decidi trazer caril de carne de vaca com amendoim, que tem como base o leite do
amendoim propriamente dito. Adiciona-se água para extrair o leite e coze-se com
tomate e cebola. Parece fácil, mas é um prato que leva o seu tempo a
confeccionar porque há uma série de pormenores a ter em conta”, esclareceu.
Unidos pela gastronomia, os
seis “chefs” partilham a cozinha e, acima de tudo, novas técnicas, ingredientes
e ideias, além de poderem experimentar os pratos dos colegas. “Experimentei um
bocadinho de tudo mas o que me chamou mais à atenção quer pelo sabor, quer pelo
facto de ser diferente, foi a cachupa de Cabo Verde”, confidenciou o “chef”
moçambicano. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau
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