Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Portugal – Lisboa tem um teatro romano

Além de Roma, Lisboa é a única capital europeia com um teatro romano do século I. Dois anos após obras de revalorização, reabriu agora ao público

Ao cimo da Rua de S. Mamede, (perto da sede da CPLP) as máscaras de teatro grego-romanas desenhadas pelo graffiter Gonçalo Mar anunciam as ruínas do teatro romano, abertas ao público entre 2001 e 2013. Do lado direito, no número 3, fica o museu que funcionou durante o mesmo período e que, entretanto, encerrou para obras de renovação. Na quinta-feira, 1 de Outubro de 2015, reabriu ao público para conduzir os visitantes numa viagem ao passado.

Foram precisos dez meses, espalhados ao longo de uma década, para Lídia Fernandes, 50 anos, conseguir trazer à superfície o entulho escondido em nove metros de profundidade. Das oito da manhã às sete da tarde, a arqueóloga escavava à mão, apetrechada de colherins, picaretas, pás e enxadas, o que havia de acartar nos baldes: restos de cinzas, centeio, cevada, madeiras, argamassas e terra da reconstrução pombalina, posterior ao terramoto de 1755.

A descoberta de cerâmica e objetos arqueológicos ajudam a contar a história não apenas da época romana como de outras anteriores. Por exemplo, debaixo de um passadiço metálico, encontram-se enterrados dois fornos de produção de cerâmica da segunda Idade do Ferro (século IV/III a.C.)."A construção de um teatro romano numa zona de acentuado declive teve um propósito político, porque quem chegava a Lisboa, via Tejo, sabia imediatamente que estava em solo romano ao ver o grande muro do teatro", explica Lídia Fernandes, coordenadora do museu.

Fotos: José Caria









A atual receção foi uma habitação no século XIX. Os restos de paredes em bio-calcaronito, uma pedra local "prima" do calcário, deixam imaginar o muro de 14 metros de altura, visível desde o rio.

No piso da entrada, o restauro dos azulejos no terraço foi dos últimos preparativos antes da inauguração, assim como a casa de fresco, antigo pavilhão onde as senhoras conversavam, faziam renda e bebiam chá e que hoje servirá apenas para contemplar o rio.

No piso -1, com janelas para a Rua Augusto Rosa, onde passa o elétrico 28, o mezanino é uma estrutura romana aproveitada no século XVI como antigo celeiro da mitra. Restam também umas vigas de ferro, resquícios da arquitetura industrial da década de 40 do século XX quando aqui esteve a fábrica de malas Teodoro dos Santos. Continuamos a descer para descobrir, ao ar livre, parte de uma habitação particular do século XVII, com zona de estábulo.

O espólio de azulejos pano-árabes indica que não seria de uma família modesta. No interior, algumas das peças expostas de forma cronológica, como uma bilha do século XVII, peso de rede utilizado como prumo, fusaiola medieval ou azulejo hispano-mourisco, podem ser manuseadas. Sónia Calheiros – Portugal in "Visão"


Um regresso ao passado com os sentidos apurados. 

Museu de Lisboa - Teatro Romano

Rua de S. Mamede, 3, Lisboa T. 21 817 2450, 21 751 3215 (marcações visitas)

Terça-domingo - 10h-18h. €1,50, entrada livre domingo até 13 horas.

Fotos: José Caria

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