Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Brasil - Começar de novo

SÃO PAULO – A declaração do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, durante a abertura da 26ª Assembleia Plenária do Conselho Empresarial da América Latina (CEAL), no Rio de Janeiro, soou como um renovo de esperanças, ao reconhecer que a Parceria Transpacífico (TPP), um acordo de livre comércio entre os Estados Unidos e 11 países do Pacífico, além de Chile, Peru e México, pode não só acelerar a integração entre Mercosul e União Europeia como até incluir o Brasil no tratado. Até porque, segundo o ministro, o setor industrial brasileiro estaria hoje mais disposto a apoiar esses acordos do que há dez anos.

É de se reconhecer que, depois de 13 anos de uma política de terra arrasada na área de comércio exterior, o novo ministro teve de começar tudo de novo, a partir de uma reaproximação com os Estados Unidos, o maior mercado do planeta, que havia sido preterido pelos três governos anteriores. Como se sabe, o governo brasileiro da época trabalhou deliberadamente nos bastidores, ao lado do governo argentino, para levar ao fracasso as negociações para a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), sem oferecer uma proposta alternativa.

E ainda apostou na Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), que previa a redução de barreiras em todo o mundo, mas que, depois de muitas negociações, resultou em rotundo fracasso. O resultado dessa política irrealista – porque, há anos, estava claro que a tendência mundial seria a formação de mega-blocos comerciais – foi que o Brasil despencou 18 pontos no ranking do Fórum Econômico Mundial, passando a ocupar o 76º lugar.

Com a nova orientação do atual governo a partir de janeiro, segundo dados do MDIC, em 2015, os Estados Unidos já se tornaram o principal destino das exportações brasileiras, comprando mais de US$ 20 bilhões até setembro.  Além disso, os dois países vêm removendo barreiras não-tarifárias. Mas é preciso aprofundar os entendimentos porque, com a entrada em vigor da TPP, o Brasil pode perder mercado para produtos agrícolas nos Estados Unidos e Austrália.

Aliás, se sair o mega-acordo EUA-UE e as negociações com esses parceiros não evoluírem mais, o Brasil corre o risco de ficar de fora de um bloco que abrangerá 70% das trocas comerciais no planeta. Hoje, a TPP já abrange 40% da produção mundial. Portanto, ainda bem que o governo brasileiro despertou para a necessidade de uma revisão na política comercial que vinha sendo empreendida. E que poderia levar o País a um beco sem saída. Antes tarde do que nunca. Milton Lourenço - Brasil

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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

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