SÃO PAULO – A declaração do ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, durante a
abertura da 26ª Assembleia Plenária do Conselho Empresarial da América Latina
(CEAL), no Rio de Janeiro, soou como um renovo de esperanças, ao reconhecer que
a Parceria Transpacífico (TPP), um acordo de livre comércio entre os Estados
Unidos e 11 países do Pacífico, além de Chile, Peru e México, pode não só
acelerar a integração entre Mercosul e União Europeia como até incluir o Brasil
no tratado. Até porque, segundo o ministro, o setor industrial brasileiro
estaria hoje mais disposto a apoiar esses acordos do que há dez anos.
É de se reconhecer que, depois de 13
anos de uma política de terra arrasada na área de comércio exterior, o novo
ministro teve de começar tudo de novo, a partir de uma reaproximação com os
Estados Unidos, o maior mercado do planeta, que havia sido preterido pelos três
governos anteriores. Como se sabe, o governo brasileiro da época trabalhou
deliberadamente nos bastidores, ao lado do governo argentino, para levar ao
fracasso as negociações para a formação da Área de Livre Comércio das Américas
(Alca), sem oferecer uma proposta alternativa.
E ainda apostou na Rodada Doha, da
Organização Mundial do Comércio (OMC), que previa a redução de barreiras em
todo o mundo, mas que, depois de muitas negociações, resultou em rotundo
fracasso. O resultado dessa política irrealista – porque, há anos, estava claro
que a tendência mundial seria a formação de mega-blocos comerciais – foi que o
Brasil despencou 18 pontos no ranking do
Fórum Econômico Mundial, passando a ocupar o 76º lugar.
Com a nova orientação do atual governo a
partir de janeiro, segundo dados do MDIC, em 2015, os Estados Unidos já se
tornaram o principal destino das exportações brasileiras, comprando mais de US$
20 bilhões até setembro. Além disso, os
dois países vêm removendo barreiras não-tarifárias. Mas é preciso aprofundar os
entendimentos porque, com a entrada em vigor da TPP, o Brasil pode perder
mercado para produtos agrícolas nos Estados Unidos e Austrália.
Aliás, se sair o mega-acordo EUA-UE e as
negociações com esses parceiros não evoluírem mais, o Brasil corre o risco de
ficar de fora de um bloco que abrangerá 70% das trocas comerciais no planeta.
Hoje, a TPP já abrange 40% da produção mundial. Portanto, ainda bem que o
governo brasileiro despertou para a necessidade de uma revisão na política
comercial que vinha sendo empreendida. E que poderia levar o País a um beco sem
saída. Antes tarde do que nunca. Milton
Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde
Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da
Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística
(ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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