A prisão forçada do chefe da
aldeia Bouguitigho soa como um grito de raiva que as pessoas nesta vila
tranquila vibram em face das autoridades senegalesas e do seu exército.
Os casamanseses estão fartos
de serem reduzidos a assuntos de bater e derrubar agradecendo ao estado do
Senegal que acaba de lhe ser concedido um assento no Conselho de Segurança da
ONU como membro “felizmente” não permanente.
Por 33 anos, este é o mesmo
calvário que atinge a maioria dos civis obrigando-os a refugiarem-se em países
vizinhos, ou simplesmente partirem para o exílio.
O Governo do Senegal iniciou e
criou este conflito para fazer andar as suas exportações, o conjunto da sua
economia, e vendendo aos casamanseses placebos com as suas ações de caridade
com o objectivo "não" lucrativo apelidado pomposamente de
desenvolvimento.
Isto lembra,
proporcionalmente, embora não estejamos longe deste episódio triste na história
recente da humanidade, a revolta de escravos que terminou bem, um dia,
quebrando os troncos de madeira, as gargalheiras de cobre ao pescoço,
libertando-se dos seus donos ignóbeis e gananciosos.
Será que vamos testemunhar uma
explosão de orgulho de milhões de casamanseses que carregam todos os dias, a
cada hora e a cada minuto uma humilhação que nos desejaria acreditar na justiça
das acções bárbaras da autoridade estrangeira senegalesa?
A Casamansa acabará ela
finalmente por libertar-se destes magnatas da mitomania?
Ousaremos admitir nós casamanseses,
finalmente, que eles não nos dizem a verdade, mas eles repetem as frases como
se nós nascêssemos para sermos punidos?
Não está na hora para os casamanseses
quebrarem estas correntes que os privam da sua dignidade e sacrificar o seu
conforto relativo para uma liberdade sem preço?
Casamanseses nós somos, nós
resistiremos! Bintou Diallo - Casamansa
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O colonialismo, uma mancha que
perdura
Nações Unidas - Transcorridos
55 anos desde a aprovação na Assembleia Geral da ONU da Resolução 1514 para pôr
fim ao colonialismo, muitos povos e territórios continuam sob o jugo da
dominação estrangeira, uma denúncia que ecoou esta semana aqui.
No Saara Ocidental, nas Ilhas
Malvinas, Palestina, Porto Rico e outros lugares, a ocupação estrangeira
continua obstaculizando a aspiração de um planeta caracterizado pelo pleno
acesso à independência e a autodeterminação.
A Quarta Comissão, encarregada
dos assuntos de descolonização, se reuniu esta semana, durante a qual foram
aprovados 11 novos projetos de resolução sobre o tema, que deverão ser
considerados na Assembleia Geral.
Além das iniciativas a
respeito da situação específica de vários territórios, o fórum adotou rascunhos
dirigidos à proteção dos interesses econômicos dos povos não autônomos e o
apoio aos mesmos pelas agências especializadas da ONU, votações em que Estados
Unidos e Israel ficaram isolados por sua rejeição.
Também destacou o envio à
plenária dos 193 estados membros da organização de um projeto respaldado por
154 países; com a abstenção dos Estados Unidos, França, Reino Unido e Israel;
que exige às potências administradoras a informar de maneira regular ao
Secretário-Geral sobre questões econômicas, sociais e educacionais dos
territórios sob seu controle.
Segundo as Nações Unidas, 17
povos ou territórios apresentam o status
de não autogovernados, eles são: Saara Ocidental (ocupada por Marrocos),
Anguila, Bermuda, Ilhas Caimán, Ilhas Malvinas, Monserrat, Santa Elena, Ilhas
Virgens Britânicas, Ilhas Turcas e Caicós, Gibraltar e Pitcairn, todos eles sob
o domínio do Reino Unido.
Completam a relação Samoa
Americana, Ilhas Virgens estadunidenses e Guam (Estados Unidos); Nova Caledônia
e Polinésia (França) e Tokelau (Nova Zelândia).
No entanto, muitos países
reclamam nos foros da descolonização o cessar da ocupação da Palestina por
Israel e o direito de seu povo à independência, bem como o direito à livre
determinação de Porto Rico, ilha caribenha dominada por Estados Unidos.
Ao todo, estima-se que uns
dois milhões de seres humanos vivem baixo o colonialismo, em comparação com os
750 milhões submetidos quando em 1945 foi fundada a ONU.
PERDURA A VERGONHA
Qualificações de vergonha,
situação inaceitável e flagelo foram ouvidas aqui por estes dias nas
intervenções de diplomatas ante a Quarta Comissão.
"As Nações Unidas celebra
neste ano seu 70' aniversário com avanços para mostrar, mas com tarefas
pendentes como a tragédia do colonialismo", afirmou o embaixador suplente
de Cuba, Oscar León.
De acordo com o diplomata, a
ilha considera que enquanto existir o flagelo, o trabalho da ONU estará
incompleto.
Por sua vez, o representante
permanente de Uganda, Richard Nduhuura, advertiu que decepciona a falta de
acesso de muitos povos à livre determinação.
Em sete décadas de existência,
as Nações Unidas não está à altura das expectativas por essa situação,
sublinhou.
A embaixadora nicaraguense,
María Rubiales, também chamou no Terceiro Decênio Internacional para a
eliminação do colonialismo (2011-2020) a materializar essa aspiração.
Trabalhemos para que todos os
povos e territórios não autônomos alcancem sua autodeterminação e
independência, para ser parte integral, com todos seus deveres e direitos, de
nossa comunidade de nações e contribuam para criar um mundo justo e em harmonia
com a mãe terra", assinalou. Waldo
Mendiluza – Prensa Latina
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