A AGAL tem mais de trinta anos
de história. Três décadas dão para muitas mudanças. Na sua origem houvo uma
ligação estreita com a esfera filológica de que dão fé vários congressos
internacionais de língua e um intenso labor prescritivo, como é o caso da proposta
normativa para a variedade galega. Lentamente, ganhou peso a difusão social do
reintegracionismo; para isto foram fulcrais as equipas de Bernardo Penabade e o
PGL foi um farol.
Em 2009, a que chamamos
humoradamente de Geração Spectrum acentuou essa forma de fazer social em que se
procurava explicar a estratégia reintegracionista de diferentes formas e para
diferentes públicos e onde se tentava criar um discurso que reptasse sobre os
muros. Aspirávamos, e aspiramos, à hegemonia social, a chegar a um estado de
cousas onde seja considerado uma excentricidade negar que a língua de Portugal
e do Brasil seja a nossa.
Nestes seis anos em que
primeiro fum presidente, e agora vice-presidente, o foco era chegar às pessoas.
Interessa o conteúdo dos produtos e a sua eficácia, não o formato ortográfico
do continente. Cada equipa decidia soberanamente. Daí os ateliês Ops para o
ensino secundário com mais de 12.000 receptores, a Através Editora com 41
títulos (para dar saída à nossa produção nacional) ou o documentário Decreto
Filgueira (que aproveita a figura do homenageado para explicar a origem do
statu quo linguístico).
Na AGAL existem duas
sensibilidades sobre a sua natureza e missão social, ambas legítimas. Há quem
ache que a norma gerada pola Comissom Linguística deve ser o motor da
associação e que a ação da AGAL deve centrar-se no seu uso. Outros consideramos
que a AGAL deve ser a casa comum dos reintegracionistas, tenham a sensibilidade
que tiverem sobre a prática escrita. No primeiro caso, gera-se uma hierarquia
em que as pessoas que usam uma dada norma têm mais direitos e espaços que os
que usam a outra. No segundo caso não há hierarquias pola forma ortográfica, só
interessa criar produtos e discursos que tenham qualidade e sejam eficazes. São
duas estratégias diferentes para o reintegracionismo. Oxalá haja um debate
rico, falemos e escutemos para ser a assembleia a que escolha o rumo da
associação nos próximos anos.
Na AGAL houvo várias eleições
que acabaram por ser marcantes para o seu desenvolvimento. A convocatória de 24
de outubro confio em que marque um nova forma de convivência, construindo uma
casa onde todos caibamos, uma casa grande. Uma casa grande onde 100% das
energias sejam dedicadas a incidir socialmente e a crescer. Valentim Fagim – Galiza in “Portal
Galego da Língua”
Valentim
Fagim - Nasceu em Vigo. Professor de Escola Oficial de Idiomas
(Ourense, Santiago de Compostela, Vila Garcia, Ferrol), é licenciado em
Filologia Galego-portuguesa pola Universidade de Santiago de Compostela e
diplomado em História. Trabalhou e trabalha em diversos âmbitos para a
divulgaçom do ideário reintegracionista, nomeadamente através de artigos em
diversas publicações (PGL, Novas da Galiza, Praza Pública, Sermos Galiza,
etc.), mas também livros como O Galego (im)possível, Do Ñ para o NH.Manual de
língua para transitar do galego-castelhano para o galego-português (2009) ou O
galego é uma oportunidade (2012). Tem realizado trabalho associativo através da
AR Bonaval, da Assembleia da Língua de Compostela, do local social A Esmorga e
da AGAL, entidade que promove a estratégia luso-brasileira para a nossa língua,
de que foi presidente entre 2009 e 2012 e de cujo Conselho continua a fazer
parte como vice-presidente. Também é académico da AGLP.
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