A reabertura da Casa Garden, depois de cinco meses de obras de consolidação e reparação do exterior, inicia um novo ciclo para o icónico edifício da responsabilidade da Fundação Oriente. O protagonismo da mansão de traços europeus numa zona histórica da cidade “tem de ser mais desenvolvido”, disse Catarina Cottinelli ao Jornal Tribuna de Macau. A Fundação prepara a reedição de um livro, uma monografia, que conte a história da Casa Garden, que deverá ser lançado no próximo ano, juntamente com uma pequena exposição. De “cara lavada”, o espaço vai abrir oficialmente numa cerimónia a realizar a 17 de Junho, mas antes receberá actividades culturais especiais, inseridas na programação do “Junho, mês de Portugal”
Após
cinco meses de trabalhos de consolidação e reparação de exteriores, a icónica
Casa Garden, com mais de dois séculos de história, vai abrir as portas ao
público com alguns eventos no início do próximo mês. Uma cerimónia a realizar
às 18h00 no dia 17 de Junho assinalará oficialmente a reabertura do espaço.
Coincidindo
com os 20 anos do Centro Histórico de Macau, o edifício, construído em 1770 e
classificado como Património da Humanidade pela UNESCO em 2005, está pronto
para dar continuidade às actividades que desenvolve a nível cultural.
As
obras apenas mexeram na fachada, ou seja, no visual exterior, incluindo a
impermeabilização das coberturas, não se tendo realizado “qualquer intervenção
no interior”, segundo referiu ao Jornal Tribuna de Macau a delegada da Fundação
Oriente (FO), que se sente “muito feliz e surpreendida, pela positiva, pelo
resultado final das obras” realizadas por uma empresa contratada pelo Instituto
Cultural (IC), “com larga experiência na revitalização urbana e dos edifícios
históricos da cidade”.
Tendo
o tópico da reabertura como pano de fundo, Catarina Cottinelli realçou o
protagonismo que a mansão de traços europeus tem naquela zona da cidade, com
três elementos, o Jardim de Camões, a Casa, que era toda a propriedade, e o
cemitério protestante.
Por
isso mesmo, e atendendo à sua classificação patrimonial, a responsável frisa
que a Casa, “em termos de arquitectura, tem de ser mais desenvolvida”, havendo
projectos em cima da mesa. “Vamos ver se conseguimos que saia para o próximo
ano a reedição de um livro, que já existiu, mas que já não há, feito por
Beltrão Coelho, que contava a história de quem por aqui passou, quem tinha
habitado a casa, entre outros aspectos muito interessantes”, mencionou,
transmitindo a ideia de que o lançamento dessa publicação seja acompanhado por
uma pequena exposição.
Por
ser também arquitecta de profissão, a delegada da FO “gostaria que houvesse
mais descrição do ponto de vista de arquitectura e mais investigação, para que
pudéssemos perceber um bocadinho o que fez com que esta casa ficasse com este
aspecto”.
Adianta
ainda que a Casa Garden, através do tempo, “sofreu algumas alterações, por
variadíssimas razões, daí haver uma série de coisas que no futuro gostaria de
poder ter nesse livro, ou seja, uma história mais densa sobre a arquitectura do
edifício”, reconhecendo que o IC tem feito igualmente alguma pesquisa,
existindo uma publicação em chinês. No fundo, diz, “é juntar toda essa
informação e fazer um livro, uma monografia, sobre a Casa Garden, mas sob o
ponto de vista da sua arquitectura, da sua importância neste sítio do Centro
Histórico de Macau”.
“Estamos
nesta embalagem de um novo ciclo, por assim dizer, porque vamos abrir ao fim de
cinco meses”, salienta.
Alguns eventos integram “Junho, mês de Portugal”
A
Casa Garden volta assim a estar em condições de receber actividades, algumas
das quais estão inseridas nas comemorações do 10 de Junho, dia de Portugal, de
Camões e das Comunidades Portuguesas. “Estes eventos não só reforçam o
intercâmbio cultural sino-lusófono, mas também enriquecem o panorama cultural
de Macau, promovendo um espaço de diálogo e interacção entre culturas”, refere
um comunicado da FO.
A
reabertura segue “extensas reformas” que restauraram a Casa Garden, com o apoio
do IC, garantindo a “preservação da sua importância arquitectónica e cultural
para as futuras gerações”, reforça a nota. No espaço vão ter lugar eventos
diversificados, incluindo workshops, palestras e iniciativas
interactivas que “estimularão o intercâmbio cultural entre Macau e o mundo”.
Além
disso, acrescenta a nota de imprensa, a sua revitalização reflecte “um
compromisso com a manutenção da rica história de Macau”, ao mesmo tempo que
“promove o intercâmbio cultural e o envolvimento da comunidade”.
Os
primeiros eventos do revitalizado “quartel-general” da FO serão duas grandes
exposições nas suas galerias principal e temporária, para além de uma mostra de
cinema português, que será exibida no seu auditório. De 3 a 29 de Junho, a Casa
Garden será palco das exposições “Quando a Ilha Projecta Suas Sombras” e
“Objectos com Alma”.
A
primeira, que não faz parte das actividades incluídas na programação do “Junho,
mês de Portugal”, é “Uma Retrospectiva de Frank Lei”, que homenageia o legado
deste fotógrafo contemporâneo, apresentando mais de 60 obras, a preto e branco,
assim como um livro e objectos pessoais, que abrangem a sua carreira desde a
década de 1990 até aos projectos mais recentes.
“É
um artista local, que tem uma visão sobre os espaços, sobre a vivência de
Macau, em que as pessoas são no fundo o foco das suas fotografias, tiradas em
sítios que agora já não são reconhecíveis, porque foram alterados, certamente
para melhor”, defende Catarina Cottinelli, para quem a exposição “é uma
perspectiva e um olhar do que acontecia de carácter social aqui em Macau”.
A
segunda exposição, já integrada no “Mês de Portugal”, destaca a rica tradição
da marioneta portuguesa. Com um acervo de mais de 1000 marionetas de diversas
épocas e estilos, da colecção privada de Elisa Vilaça, curadora do evento, os
visitantes terão a oportunidade de explorar as técnicas de construção e
manipulação que tornam esta forma de arte única. “A exposição não só celebra a
história da marioneta, como também enfatiza o seu papel educativo e cultural”,
frisa a FO.
Quanto
à variante cinematográfica, organizada em colaboração com a Portugal Film e a
associação CUT, da Cinemateca Paixão, apresentará uma selecção de filmes em
português, iniciada com a exibição de “Greice”, de Leonardo Mouramateus,
aclamado em festivais de cinema de todo o mundo. A mostra divulgará também uma
série de curtas-metragens inovadoras, evidenciando o panorama do cinema
português contemporâneo.
De
referir que estas iniciativas integradas na programação do “Junho, mês de
Portugal” arrancam já amanhã, quinta-feira, com a inauguração da exposição
“Diálogos da Criatividade”, com 50 obras de 24 artistas portugueses
contemporâneos, promovida pela Amagao na Galeria do Hotel Artyzen Grand Lapa.
Há
mais dois eventos neste mês de Maio. Na sexta-feira, a Somos – Associação de
Comunicação de Língua Portuguesa organiza a exposição de fotografia “O Homem e
o Divino”, no Parisian. No sábado, é inaugurada mais uma mostra fotográfica,
denominada “Património Cultural de Macau”, acompanhada de visionamento do
documentário “Heritople”, que terá lugar no Consulado-Geral de Portugal, com
organização do Instituto Internacional de Macau.
Todas
as restantes actividades decorrerão durante o mês de Junho. Vítor Rebelo –
Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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