Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 24 de maio de 2025

Moçambique - Violência em Cabo Delgado faz mais 25 mil deslocados internos

Ataques de grupos armados levam moradores a abandonar as suas casas. Para algumas famílias a fuga ocorre pela terceira vez, além do conflito no norte do país da nação africana também sofre com desastres naturais incluindo ciclone. A Acnur alerta para escassez de recursos para ajuda humanitária



A Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, alertou para a situação da violência no norte de Moçambique, que somente nas últimas semanas, transformou mais de 25 mil pessoas em deslocados internos.

Trabalhadores humanitários afirmam que a capacidade de atender a quem precisa está sendo levada ao limite, uma situação já agravada pelo corte de verbas de auxílio.

Pedras preciosas e gás natural

Uma combinação de desastres naturais consecutivos com vários ciclones, secas e conflito armado já causou quase 1,3 milhão de moçambicanos a terem de fugir das suas casas.

A província de Cabo Delgado, que abriga grandes reservas de gás e outros recursos naturais como pedras preciosas e minerais, não é apenas alvo de interesse de empresas multinacionais, mas também o palco de um conflito armado.

Grupos não estatais têm atacado civis assim como militantes de movimentos islâmicos e terroristas que expulsam moradores da área.

Milhares perderam as suas casas, muitos pela segunda ou terceira vez, para encontrar segurança em comunidades próximas.

A província de Niassa, por exemplo, onde o deslocamento havia sido limitado, acolhe agora mais 2 mil pessoas que foram forçadas a fugir desde meados de março.

Três ciclones em três meses

Organizações humanitárias afirmam que estão sob pressão por causa da redução no orçamento de assistência. A nação de língua portuguesa está a recuperar também de meses de protestos e agitação pós-eleitoral.

Ainda em março, o ciclone Jude atingiu a província de Nampula, marcando o terceiro grande ciclone em apenas três meses. Um quadro que agravou as já terríveis necessidades humanitárias. Durante os protestos após as eleições, muitos moçambicanos fugiram para o Malauí para escapar da violência.

A maioria retornou para a casa voluntariamente, mas o país ainda tem 5,2 milhões de pessoas a necessitar de assistência humanitária.

Refugiados da RD Congo

A Acnur está preocupada com as necessidades de proteção, incluindo apoio a sobreviventes de violência de género, serviços de saúde mental e acesso a documentação civil, que excedem os recursos disponíveis.

Até ao momento, a agência só recebeu 32% dos US$ 42,7 milhões necessários.  Moçambique também abriga 25 mil refugiados e requerentes de asilo, principalmente da República Democrática do Congo, RD Congo.

Para a agência da ONU, a crise tripla está a alimentar uma outra crise económica. Os preços dos alimentos, que já estavam altos, dispararam nos últimos meses, frequentemente entre 10% e 20%, enquanto os rendimentos da população de Moçambique continuam a diminuir. ONU News – Nações Unidas


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