SÃO PAULO – Análise da Confederação
Nacional da Indústria (CNI) mostra que os primeiros sete meses de mandato do
presidente Jair Bolsonaro registraram avanços na pauta de comércio exterior,
apesar de certa má vontade que se vê na opinião pública em relação ao governo,
que tem sido causada principalmente pela maneira estabanada com que o principal
mandatário costuma se dirigir aos meios de comunicação.
Esse otimismo, porém, não se baseia
em números, mas em fatos que poderão permitir que o comércio exterior venha a evoluir
de maneira significativa. Entre esses fatos, estão os resultados práticos do
acordo comercial assinado pelo Mercosul com a União Europeia e do apoio que o
governo norte-americano prometeu dar à entrada do Brasil na Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), bem como de outras iniciativas
como o fim da cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no câmbio
sobre exportações e a assinatura do acordo com o Uruguai para evitar a bitributação.
Tudo isso leva a uma conclusão óbvia:
só a partir de 2020 é que se poderá esperar que a balança comercial
(exportações menos importações) venha a superar não só os números de 2019, que deverão registrar um superávit ao redor de
US$ 50,8 bilhões, segundo a previsão dos analistas do Boletim Focus, do Banco
Central, como os de 2018, quando foi registrado um superávit de US$ 58,7 bilhões,
alcançado por aumento significativo tanto das importações como das exportações.
Dados da Secretaria Especial de
Comércio Exterior do Ministério da Economia mostram que, em 2018, as
importações subiram 20,2%, saltando de US$ 150,7 bilhões de dólares, em 2017,
para US$ 181,2 bilhões, registrando um incremento de US$ 30,5 bilhões, o maior
desde 2014. Já as exportações alcançaram US$ 239,5 bilhões, crescendo 9,6%, a
maior cifra dos últimos cinco anos. A corrente de comércio foi de US$ 420,7
bilhões, superando em US$ 52 bilhões o resultado de 2017 e atingindo o maior
valor desde 2014, quando somou US$ 454 bilhões.
Já no primeiro semestre deste ano de
2019 a tendência de crescimento não se verificou com tanta intensidade, pois a
queda do preço de várias commodities afetou os números das exportações,
enquanto as importações registraram evolução inferior ao mesmo período do ano
passado. Mesmo assim, o superávit foi o terceiro melhor da história para o
primeiro semestre, de US$ 27,13 bilhões, só perdendo para os seis primeiros
meses de 2018 (US$ 30,02 bilhões) e de 2017 (US$ 36,21 bilhões). O superávit é
9,6% inferior ao do mesmo período do ano passado.
Dessa corrente de comércio, é preciso
ressaltar que em 2018 foram movimentados pelos portos brasileiros cerca de US$
328 bilhões, ou seja, 80% de todo o comércio exterior brasileiro, percentagem
que deverá crescer também a partir de 2020, quando se espera que já tenha sido colocada
em prática a legislação prevista no Programa de Estímulo ao Transporte de
Cabotagem, também chamado de BR do Mar, medida provisória que pretende tornar a
cabotagem um modal mais competitivo em relação aos transportes rodoviário e
aéreo. Para tanto, o governo quer permitir a operação de navios com bandeiras
de outros países a fim de reduzir o custo desse modal de cargas, ainda que isso
possa vir a acabar de vez com a indústria naval brasileira.
Com menos custos nas operações dos
portos e no transporte costeiro e dependendo menos dos altos fretes cobrados
pelo transporte rodoviário, obviamente, as empresas importadoras e exportadoras
serão estimuladas a produzir, vender e comprar mais, o que poderá provocar
também um reflexo positivo nos números do comércio exterior. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é
presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional das Empresas Transitárias, Agentes de
Cargas, Comissárias de Despachos e Operadores Intermodais (ACTC). E-mail:
fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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