O
Zoo de Lourosa, instalado em Santa Maria da Feira e único do país dedicado
apenas a aves, revelou ter quatro novas crias de flamingo, após um projeto de
reprodução desenvolvido com uma instituição congénere da Suíça.
Segundo
revelou à Lusa a diretora do parque ornitológico de Lourosa, Salomé Tavares, em
causa está uma comunidade de aves da espécie “Phoenicopterus ruber roseus”, que, embora já existisse nesse espaço
antes de ele ficar sob gestão da autarquia, até 2011 só reunia 13 indivíduos
“irrecuperáveis” – que é expressão utilizada para os exemplares confiados aos
zoos por não apresentarem condições para sobreviver em habitat natural.
O
envolvimento da Associação Europeia de Zoos e Aquários garantiu ao parque
ornitológico de Lourosa, contudo, 10 flamingos jovens cedidos pelo Zoo de
Basileia, na Suíça, e foi graças ao acasalamento entre uns e outros que novos
flamingos começaram a nascer na Feira: o primeiro em 2017, depois outros três
em 2018 e agora mais quatro este verão.
“Este
flamingo não é uma espécie em risco, até porque há muitas colónias desta ave no
Mediterrâneo e noutras zonas costeiras por todo o mundo, mas o problema é que
ele só se reproduz em grupos com mais de 30 indivíduos”, explica Salomé
Tavares.
Para
criar a ilusão de vivência numa comunidade mais ampla, aliás, o Zoo de Lourosa
já vinha recorrendo a “um truque” adotado internacionalmente: instalou um
espelho no lago onde vivem os flamingos, “para o reflexo das aves proporcionar
a cada indivíduo a ideia de que se encontra numa colónia maior do que aquela em
que está realmente inserido”.
A
coabitação em comunidade ajuda a criar na espécie “uma sensação de maior
segurança”, estimulando assim o acasalamento e facilitando a nidificação, após
o que a incubação dos ovos habitualmente se prolonga por 28 a 31 dias.
Por
enquanto, as quatro novas crias de “Phoenicopterus
ruber roseus” mantêm-se, no entanto, com penugem cinzenta e, segundo Salomé
Tavares, só deverão passar a exibir coloração rosa “por volta dos quatro anos
de idade, quando atingirem a maturidade sexual”.
Essa
cor particular resultará, por sua vez, da maior capacidade dos flamingos para
reterem os pigmentos presentes na sua alimentação, em particular os carotenos
alfa e beta absorvidos através de crustáceos.
“Outra
curiosidade sobre esta espécie é que não possui dimorfismo sexual, isto é, não
pode ser distinguida enquanto macho ou fêmea pelas suas características
exteriores. A não ser que observemos a ave a colocar um ovo ou envolvida no
próprio ato sexual, para se determinar o sexo de um flamingo fazemos-lhe uma
endoscopia aos seis meses de idade, para verificar qual é o seu sistema
reprodutor”, revela Salomé Tavares.
A
diretora do Zoo de Lourosa nota ainda que o facto de um indivíduo ser macho não
garantirá necessariamente o seu contributo para a procriação: “Tal como em
muitas outras espécies, na comunidade de flamingos também há homossexualidade”.
In “Bom dia
Europa” – Luxemburgo com “Lusa”
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