A
Associação Moçambicana de Juízes (AMJ) reuniu, na última quinta-feira, 29 de
Agosto, em Maputo, juízes, docentes e estudantes da Faculdade de Direito da
Universidade Eduardo Mondlane (UEM), para reflectirem sobre as origens do
processo civil moçambicano, de modo a perceberem os procedimentos práticos do
modelo processual civil, em vigor, e articulação entre os sujeitos e
intervenientes processuais.
A
palestra, promovida pela AMJ, em parceria com o Núcleo dos Estudantes da
Faculdade de Direito da UEM, foi orientada pelo jurista português António
Pracana Martins, que dissertou sobre o Direito Romano e sobre o que ocorreu,
neste contexto, entre os anos 1700 e 1800, altura em que viveu o grande jurista
português José Caetano Pereira e Sousa, autor do livro “Primeiras Linhas Sobre
o Processo Civil”.
“As
origens do processo civil são remotas, vêm desde o Direito Romano. O Código de
Processo Civil que está em vigor em Moçambique, aprovado, na essência, em 1939,
em Portugal, foi sofrendo alterações mais ou menos profundas sem, no entanto,
se descaracterizar”, referiu António Pracana Martins.
O
jurista acrescentou que, em Portugal, antes da produção do livro “Primeiras
Linhas Sobre o Processo Civil”, o estudo do direito processual civil que era
feito na Universidade de Coimbra obrigava a que os alunos estudassem, lendo
livros escritos em latim. O modelo complicado, aparatoso, pesado, de movimentos
difíceis, demorados e lentos constituía em si mesmo um óbice na vertente do
acesso à justiça.
Disse,
ainda, que esse paradigma não podia vingar para um código que se pretendia
instrumental, acessório, adjectivo como tem de ser um código processual:
"O bom Código de Procedimentos tem de necessariamente ser uma ferramenta
para deixar fluir a vida, que permite alcançar uma decisão substantiva rigorosa
e sustentada, e que numa palavra se assume como algo cujo valor é tanto maior
quanto menos se notar".
Abordado
momentos após a palestra, o presidente da AMJ, Carlos Mondlane, disse
pretender-se com o evento introduzir os estudantes universitários à componente
prática das profissões, uma vez que a universidade tem ministrado conteúdos
meramente teóricos.
“Através
desta ligação entre o núcleo dos estudantes e a AMJ, vamos gradualmente
introduzir os estudantes à vertente prática das profissões. Neste caso,
trouxemos um tema muito importante que é para perceber a evolução do modelo
processual civil moçambicano”, destacou Carlos Mondlane.
Tratou-se,
conforme enfatizou, de uma explicação histórica sobre o processo civil, para
permitir que os estudantes percebam bem e se situem sobre os constrangimentos
que muitas vezes se colocam no acesso à justiça em Moçambique.
Por
sua vez, Caio Raposo, presidente do Núcleo dos Estudantes da Faculdade de
Direito da UEM, explicou ser de interesse da organização estudantil interagir
com as instituições de justiça.
“Este
evento ocorre no âmbito da parceria que o núcleo tem com a Associação
Moçambicana de Juízes e demais parceiros, porque entendemos que mais do que ler
os livros temos que aliar isto à prática, sendo que a única forma de fazer isto
acontecer é estabelecer parcerias”, concluiu. In “Olá Moçambique” - Moçambique
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