A subida do nível das águas do mar, em
consequência do aquecimento global, pode fazer 280 milhões de deslocados,
segundo um relatório preliminar científico que a ONU divulga em setembro
O
relatório preliminar da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado pela
agência France Press, é da responsabilidade do Painel Intergovernamental sobre
Alterações Climáticas (IPCC na sigla original), cuja versão final será
divulgada em setembro.
Com
o aumento da frequência dos ciclones, diz o documento, muitas grandes cidades
podem ser inundadas todos os anos a partir de 2050.
E
até ao fim do século as previsões do relatório é que 30 a 99% do terreno
permanentemente congelado (permafrost) deixe de o ser, libertando grandes
quantidades de dióxido de carbono e de metano.
Ao
mesmo tempo, os fenómenos resultantes do aquecimento global podem levar a um
declínio constante da quantidade de peixe, um produto do qual muitas pessoas
dependem para se alimentar.
O
relatório vai ser discutido pelos representes dos países membros do IPCC, que
se reúnem no Mónaco a partir de 20 de setembro, por alturas da cimeira mundial
sobre o clima em Nova Iorque, marcada para 23 de setembro pelo secretário-geral
das Nações Unidas, António Guterres.
O
objetivo é alcançar compromissos mais fortes dos países para reduzir as suas
emissões de dióxido de carbono, que caso se mantenham no ritmo atual farão
subir as temperaturas de 02 a 03 graus celsius até ao fim do século.
Especialistas
temem que a China, Estados Unidos, União Europeia e Índia, os quatro principais
emissores de gases com efeito de estufa, estejam a fazer promessas que não
cumprem.
Estas
regiões do mundo vão também ser afetadas pela subida das águas do mar, alerta o
relatório, especificando que não serão só afetadas as pequenas nações insulares
ou as comunidades costeiras expostas.
Xangai,
a cidade mais populosa da China, está localizada num delta, formado pela foz do
rio Yangtze e pode começar a ser inundada regularmente se nada for feito para
parar as alterações climáticas. E o país tem mais nove cidades em risco.
Essa
subida do nível do mar coloca os Estados Unidos como um dos países mais
vulneráveis, a aumentar em cinco vezes o risco de inundações, incluindo em Nova
Iorque.
A
União Europeia está menos vulnerável, mas os especialistas do IPCC alertam para
inundações no delta do Reno. E para a Índia esperam que milhões de pessoas
tenham de ser deslocadas.
A
elevação do nível das águas do mar deve-se ao aumento das temperaturas que está
a derreter as grandes massas de gelo nos polos.
Segundo
o documento as calotes polares da Antártica e da Groenlândia perderam mais de
400 mil milhões de toneladas de massa por ano na década antes de 2015. Os
glaciares das montanhas também perderam 280 mil milhões de toneladas. Ana Cardoso – Luxemburgo in “Contacto”
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