O poeta Yao Feng foi convidado pelo
MAM para fazer uma oficina criativa de poesia, no dia 24 de Agosto, inspirada
na pintura da exposição “Poesia Lírica – Trabalhos de Artistas de Macau e
Portugal”, patente até 4 de Novembro. O evento será em chinês, mas fica a
sugestão da visita para quem ainda não foi
Graças
à poesia, você morreu sem a morte. Graças à poesia, você encontrou uma lâmpada
para suportar o peso da sombra. A poesia é o único que lhe resta, sendo uma
possibilidade dentre as impossibilidades”. As palavras de Yao Feng são um
excerto da poesia que escreveu, inspirada no quadro sobre a vida do poeta
português Camilo Pessanha, pintado pelo artista e arquitecto local Carlos
Marreiros.
O
poema é um exemplo do que vai acontecer na oficina criativa de “Poesia
inspirada na Pintura”, marcada para dia 24 de Agosto, no Museu de Arte de Macau
(MAM), e apresentada por Yao Feng, pseudónimo artístico do professor Yao
Jingming, também director do departamento de português da Universidade de
Macau.
A
ideia partiu do MAM, que convidou o conhecido poeta e professor a lançar um
repto em língua chinesa aos Amigos do Museu, para que se inspirem num dos
quadros da exposição “Poesia Lírica – Trabalhos de Artistas de Macau e
Portugal”, patente ao público desde 13 de Julho até 4 de Novembro de 2019, e
escrevam um poema alusivo ao tema da pintura escolhida. Ou mais, não há limite.
Os textos devem ser enviados por email para o Museu até dia 21 de Agosto.
Yao
Feng fará a triagem dos trabalhos na preparação do workshop de dia 24, onde irá
procurar despertar, incentivar e orientar a veia criativa dos participantes,
num encontro de ideias e sensibilidades que pode até ser o início de uma forma
diferente de se estar vida. “Acho que cada pessoa é um poeta potencial, essa
capacidade poética pode estar a dormir em cada pessoa, mas então basta
acordá-la”, respondeu o professor ao HM.
A
inspiração é, por vezes, o que falta. Daí a iniciativa do MAM, em que Yao Feng
vai orientar os participantes “no uso da sua imaginação, despertada pelas obras
de que mais gostaram, para criarem poemas integrando as conotações da pintura
na poesia, expressando sentimentos induzidos pela arte”, conforme divulga a
organização do evento.
Poetas e pintura
Sob
o tema “Poesia Lírica”, a exposição integrou o 2º “Encontro em Macau – Festival
de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”,
apresentando mais de 90 obras destacadas da colecção MAM, criadas por 60
autores que se estabeleceram ou exibiram os seus trabalhos em Macau – chineses,
macaenses e portugueses – desde a década de 1980.
São
pinturas a óleo, acrílicos e aguarelas, gravuras de técnica mista, esculturas e
instalações “que reflectem a criatividade dos artistas contemporâneos, bem como
ricas conotações culturais chinesas e portuguesas”. A singularidade da mostra é
a inclusão de sete poemas, da autoria de quatro poetas locais, que estabelecem
uma relação com as obras expostas. O MAM convidou, na altura, além de Yao Feng,
também Wong Man Fai, Ling Gu e Un Sio San, estando os poemas igualmente em
exibição nas línguas chinesa e portuguesa.
“Quatro
palavras sobre Camilo Pessanha” foi a proposta de Yao Feng para a exposição,
partindo da pintura de Carlos Marreiros sobre o poeta simbolista português,
nascido em 1867, que viveu e trabalhou no território entre 1894 e 1926, onde
viria a falecer. O poema é sobre fases da vida – que passam pelas palavras
“amor”, “mar”, “arte” e “poesia” – do renomado autor de “Clepsidra”, obra
traduzida para chinês pelo próprio professor.
Milagre da poesia
O
workshop de poesia a partir da pintura será uma continuação desta ideia do MAM,
que se estende agora à população interessada. É a primeira vez que Yao Feng faz
uma oficina criativa com o Museu, mas o exercício não difere muito do que
acontece na sua sala de aulas. “De facto, já tenho feito isto com os meus
alunos, eu gosto sempre de dar um tema, ou uma palavra que seja muito usada e
nada criativa, para que os alunos escrevam uma frase ou um verso, mas com uma
linguagem criativa”, dá como exemplo.
É
que “a palavra é capaz de fazer milagres”, descrever e tornar “uma coisa muito
comum, muito banal, numa coisa fantástica”. Como acredita e gosta de partilhar
com os seus formandos, “na poesia o improvável pode acontecer”.
O
workshop é gratuito, organizado em língua chinesa, e terá um limite de 20
participantes. A inscrição deverá ser feita online no sítio electrónico do
Museu. A comunidade portuguesa pode, também, aproveitar a sugestão e visitar a
mostra em busca de inspiração poética.
“Aprender
a observar, a olhar o mundo com olhos poéticos, também é importante para o dia
a dia, porque traz novidades, traz mais beleza para a nossa vida pessoal”, é a
proposta deixada por Yao Feng. Raquel
Moz – Macau in “Hoje Macau”
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