A delegação das Nações Unidas em
Timor-Leste homenageou hoje os 15 funcionários timorenses que morreram enquanto
apoiavam a missão da ONU que supervisionou o referendo de independência de 1999
Familiares
das vítimas, responsáveis locais e das Nações Unidas juntaram-se numa cerimónia
de memória em frente ao monumento que na vila de Gleno, a sul de Díli, recorda
uma dessas vítimas, Ana Xavier da Conceição Lemos, morta em 1999.
Rivelino
Lemos, filho de Ana Lemos, recordou a importância do voto de 1999 que permitiu
aos timorenses “concretizar o sonho da independência”, afirmando que as vítimas
lutaram para o alcançar.
“Não
podemos esquecer que as pessoas que morreram eram timorenses simples”, disse.
“Não
me lembro muito da minha mãe, mas lembro-me de uma palavras que me disse umas
semanas antes de morrer: é preciso sacrifícios pelo futuro do nosso país, disse
ela”, recordou, agradecendo o apoio das Nações Unidas no processo.
A
cerimónia contou ainda com a presença, entre outros, dos deputados Elvina Sousa
Carvalho e Ernesto Fernandes, naturais da região, do responsável municipal José
Soares e do diretor da escola onde estudou Ana Lemos, Luciano Babo.
“Por
causa da ONU estamos vivos. Hoje temos independência. Obrigado às Nações Unidas
por comemorar estas pessoas locais que morreram ao serviço da UNAMET”, disse
Ernesto Fernandes.
Criada
pelo Conselho de Segurança da ONU a 11 de julho de 1999 – que deliberou a
realização de uma consulta popular aos timorenses – a Missão das Nações Unidas
em Timor-Leste (UNAMET, na sua sigla em inglês), foi possível devido ao acordo
de 05 de maio entre Portugal e as Nações Unidas.
Os
primeiros quatro funcionários da ONU chegaram a Timor-Leste a 06 de maio de
1999: Beng Yong Chew, vice-diretora da divisão da Ásia e Pacifico do
Departamento de Assuntos Políticos da ONU, Mark Quarterman, funcionário do
departamento de assuntos políticos, Francesco Manca, um perito eleitoral
italiano e Steve Etsell, um analista técnico.
A
primeira morte de um funcionário ocorreu a 08 de agosto, 22 dias antes do
referendo.
Roy
Trivedy, coordenador residente das Nações Unidas, agradeceu às famílias pelo
sacrifício que fizeram que, garante, “nunca foi esquecido”.
“Hoje
honramos o sacrifício destes 15 homens e mulheres timorenses, pais e mães,
irmãs e amigos, dando vida à missão e aos valores das Nações Unidas”, disse.
Anjwet
Lanting, chefe do gabinete de direitos humanos da ONU em Timor-Leste, leu os
nomes dos 15 que morreram e recordou que foi o pessoal da UNAMET que “assegurou
que os timorenses pudessem exercer a sua liberdade para se expressarem, e para
votar”.
“Muitos
arriscaram as suas vidas, sendo intimidados ou atacados ao servir a missão da
ONU. Quinze funcionários da UNAMET fizeram o último sacrifício e perderam as
suas vidas”, disse.
Na
região morreram cinco dos 15 funcionários da ONU, dois deles depois da votação
de 30 de agosto.
José
Lemos disse que o monumento recorda as vítimas, mas também a conclusão do processo
de reconciliação na região e o “começo de uma nova geração que olha para o
futuro com unidade, em paz e pelo desenvolvimento”. In “Sapo Timor-Leste” com “Lusa”
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