Os
aerogéis de sílica puros, devido à sua estrutura, são excelentes isolantes
térmicos, mas a libertação de uma grande quantidade de partículas durante o seu
manuseamento condiciona a aplicação na indústria, especialmente nos setores
aeroespacial e de construção civil.
Um
problema que tem os dias contados graças a uma investigação desenvolvida por
uma equipa do Departamento de Engenharia Química (DEQ) da Faculdade de Ciências
e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e da Active Aerogels, empresa
que se dedica ao desenvolvimento de produtos inovadores para isolamento
térmico, baseados em aerogéis.
Após
dois anos de estudo, desenvolvimento e testes de novas formulações que
permitissem resolver o problema da libertação de partículas e pó sem por em
causa as propriedades únicas que fazem dos aerogéis excelentes isolantes
térmicos (leveza, baixa condutividade térmica e versatilidade), o primeiro
aerogel “limpo” produzido pelos investigadores da FCTUC e Active Aerogels está
pronto a entrar no mercado.
«É
o resultado de um projeto muito complexo, que passou por várias fases.
Primeiro, a partir de aerogéis puros de sílica, introduzimos e testámos novos
compostos, através de processos de tecnologia química. Numa segunda fase,
encontrada a fórmula adequada para impedir a libertação de partículas, mas sem
prejudicar as propriedades dos atuais aerogéis, seguiram-se múltiplas
experiências, primeiro em laboratório, numa escala muito reduzida», relata
Rafael Torres, investigador do projeto que, na FCTUC, é coordenado pela
especialista em aerogéis, Luísa Durães.
Com
os testes em laboratório a revelarem-se promissores, os investigadores
avançaram para testes em escalas maiores. E, aqui, aumentou a complexidade do
projeto, porque, explica Rafael Torres, «à medida que aumenta a dimensão do
produto, diminui a capacidade de manter o sistema homogéneo, sendo as
propriedades do produto deterioradas. Tivemos de garantir que tais propriedades
- densidade e condutividade, assim como propriedades mecânicas - se mantêm no
produto final independentemente da escala em que ele é produzido».
Ultrapassados
todos os obstáculos, os novos aerogéis vão permitir incrementar a aplicação
deste tipo de material na indústria, particularmente na aeroespacial, onde a
libertação de partículas e pó é crítica devido ao risco de contaminação. O
projeto foi financiado, em mais de 700 mil euros, por fundos da União Europeia
(Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional), Portugal 2020 e Centro 2020. Universidade de Coimbra “Faculdade de
Ciências e Tecnologia” - Portugal
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