Voltam a juntar-se no Curso de Verão
de Língua Portuguesa na Universidade de Macau centenas de jovens, que têm como
elemento comum a vontade de aprofundar conhecimentos desta língua. Entre os
participantes encontram-se também alunos brasileiros, que procuram investir na
escrita e conhecer a instituição de ensino
A
vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver”, era uma
das frases estampadas nas costas das t-shirts dos alunos do 33º Curso de Verão
de Língua Portuguesa da Universidade de Macau (UM). Saramago não foi o único em
destaque na cerimónia de abertura que decorreu ontem. Também Camões e Mia Couto
se podiam ler, entre outros autores. O curso decorre até 2 de Agosto, sendo que
os cerca de 500 alunos contam com quatro horas lectivas por dia, de segunda a
sexta, tendo ainda a possibilidade de participar noutras actividades, como
danças folclóricas, desporto ou escrita criativa.
A
multiculturalidade é visível através das diferentes nacionalidades dos
participantes, passando do Japão à Coreia do Sul, Filipinas, Itália ou mesmo os
EUA. Neymar, de 19 anos, é um dos participantes desta edição. Vindo da China
Continental, estuda Português há um ano. “Cinco alunos da Universidade de Macau
fizeram intercâmbio na minha universidade e disseram que o ensino aqui é bom. E
os meus professores sugeriram também”, apontou.
A
sua vinda tem um duplo objectivo. Por um lado, aprender mais usos da língua.
Por outro, ganhar mais informações para decisões futuras. “Não conheço muito
bem Macau, e no terceiro ano vou decidir qual o lugar onde vou estudar, entre
Portugal, o Brasil ou Macau. E vim para Macau para experimentar”, explicou.
“O
curso de verão, nos seus 33 anos de existência, continua a ser fiel aos seus
princípios de criação, dotar os que nele participam de um conhecimento mais
aprofundado da língua portuguesa, de uma consciência da sua variedade, riqueza
e complexidade culturais e do seu crescente e inestimável valor em todo o
mundo”, discursou Ana Nunes na cerimónia de abertura. A coordenadora do curso
notou que a UM responde ao interesse do Governo na formação de bilingues, e que
tenta também dar resposta às exigências crescentes do mercado de trabalho.
A
docente explicou ainda que no curso recorrem a estratégias dinâmicas de ensino
e aprendizagem. Depois da China, a Coreia do Sul é dos países com maior
representatividade. Kim Miri, de 20 anos, está a estudar Português no ensino
superior. “Queria estudar Espanhol, mas como na Coreia exigia notas mais altas
do que as minhas, acabei por ir para Português”, reconheceu. O desvio de
percurso não comprometeu o empenho da jovem, que quis participar neste curso de
verão para aprofundar os conhecimentos de Português.
Curso atrai alunos brasileiros
A
novidade deste ano é a presença de dois alunos brasileiros, que vivem
actualmente na China. “Como o que estudam verdadeiramente na escola é o Inglês
e o Chinês, eles falam Português mas começam a ter algumas dificuldades na
expressão escrita e vêm para aqui precisamente para aprimorar a escrita”,
explicou Ana Nunes. Para além disso, querem conhecer Macau e há quem esteja
interessado em estudar na UM.
Luca
Martins é um desses casos. O jovem de 19 anos quis aproveitar a oportunidade de
conhecer a universidade e de se focar na escrita. Os seus pais moram na China
há já cinco anos. Ele chegou há ano meio e meio e está a estudar Chinês. Mas
considera “uma possibilidade” um dia frequentar a UM. Entre as suas áreas de
eleição encontram-se as letras, línguas e literatura. “Com sorte [poderei]
fazer alguma coisa envolvendo isso, numa especialidade aqui. E instrumentalizar
isso para usar lá no Brasil”, equacionou.
Para
além disso, uma universidade do Continente que não tem curso de Português
voltou este ano a enviar um grupo de estudantes. O número subiu de 25 para 43.
O
curso conta com bastantes alunos no nível básico. “Talvez também porque muitas
universidades começaram agora na China Continental a oferecer cursos de
Português e provavelmente os alunos vieram agora fazer o curso de verão no
nível básico porque acabaram de começar e o curso de verão é uma forma de
estarem em contacto com a língua”. Salomé
Fernandes – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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