Criar condições para promover o
aumento do número de falantes de Língua Portuguesa, a atribuição de subsídios
para equipamentos sociais de fins não-lucrativos, incentivar a informatização
da Justiça, a inserção de residentes na Grande Baía, bem como envidar esforços
para garantir apoios aos jovens, nomeadamente na compra de habitação. Estas
foram algumas sugestões apresentadas a Ho Iat Seng por várias associações de
matriz portuguesa e chinesa em reuniões realizadas desde o início da semana
Desde
que renunciou a todos os cargos que ocupava na Assembleia Legislativa e
levantou o boletim de propositura, Ho Iat Seng tem andado num rodopio. O
pré-candidato a Chefe do Executivo tem estado, desde o início da semana, em
contacto com várias associações do território para recolher opiniões para o
programa eleitoral que deverá apresentar a 10 de Agosto.
Ao
início da noite de ontem, o candidato foi ouvir as preocupações e ideias da
camada mais jovem, numa iniciativa organizada pela Federação dos Jovens de
Macau.
Foram
várias as sugestões da Associação dos Jovens Macaenses, presidida por Jorge
Valente, tendo em mente a condição de Macau enquanto plataforma entre a China e
os países lusófonos. Jorge Valente disse ao Jornal Tribuna de Macau que, em
nome da Associação dos Jovens Macaenses, instou o candidato a Chefe do
Executivo a facilitar a importação de mão-de-obra especializada daqueles países
– desde médicos, arquitectos, gestores, marketing, entre outras. Isto porque,
segundo salientou, embora a população da RAEM tenha duplicado, a mão-de-obra
importada dos falantes de Português não acompanhou essa tendência na medida em
que desceu.
Os
jovens macaenses defenderam ainda a necessidade de mais medidas e projectos que
possibilitem, a longo prazo, aumentar o universo de falantes de Língua
Portuguesa na RAEM.
No
encontro, Jorge Valente propôs ainda a criação de um departamento para ajudar o
Chefe do Executivo, no qual fosse delegado um Comissário para os assuntos dos
países de língua portuguesa.
Por
outro lado, na quarta-feira, foi a vez da Santa Casa da Misericórdia (SCMM)
ouvir, mas também opinar sobre o caminho que entende ser adequado para o
território. Durante duas horas, o candidato ouviu o Provedor António José de
Freitas e os Irmãos da instituição – 12 dos quais são também membros do colégio
eleitoral, – tendo transmitido uma postura de profundo entendimento pela
realidade do território, mas também pelas preocupações da Irmandade.
“Mostrou
ser um candidato mesmo à altura, toda a gente entendeu isso. Conhece muito bem,
e com profundidade, os problemas de Macau”, explicou o Provedor ao Jornal Tribuna
de Macau.
Em
termos de medidas concretas, trocaram-se impressões sobre “a atribuição de
subsídios aos equipamentos sociais de fins não-lucrativos” e “apontámos alguns
problemas com a contratação de pessoal especializado como é o caso de
enfermeiros e de educadores de infância para a creche”, disse. “Tem sido muito
difícil porque a concorrência com o Governo é forte, porque oferece muito
melhores condições”, apontou. A Santa Casa abordou também o sistema de
“atribuição de subsídios por parte da Fundação Macau que tem sido muito
moroso”.
Confiante
de que Ho Iat Seng “vai ser um bom Chefe do Executivo”, o Provedor acredita que
a visita do candidato “veio reforçar a nossa confiança de que as coisas vão
mudar para melhor, sobretudo na parte cultural e da história macaense”. “Ele
falou bastante sobre esta parte e deu muita ênfase à história, e ao respeito
pelas diferentes culturas. […] Deu dicas de que há espaço para melhorias”,
salientou António José de Freitas.
Após
a visita, Ho dirigiu-se à sede da Associação dos Advogados de Macau. Ao final
da tarde, e depois de uma hora e meia de reunião, Jorge Neto Valente revelou
ter abordado com o candidato – entre outros temas, a possibilidade de avançar
com uma ambição antiga, a informatização da justiça apesar de alguns serviços
estarem mais “avançados” a esse nível, como as conservatórias. Mas, há ainda
“muitos poucos informatizados”, como os tribunais. “É um longo caminho a
percorrer porque não temos essa experiência”, disse Jorge Neto Valente, citado
pela Rádio Macau.
Por
outro lado, “foram apontadas algumas necessidades ao nível da Administração
Pública em geral, as dificuldades que há no relacionamento, a evolução nem
sempre muito favorável que tem havido”, elencou o presidente da AAM. Neto
Valente deu ainda conta de que foram sinalizadas outras “necessidades”, como a
“de reformar algumas leis e a de se balançar os interesses entre os diversos
sectores da sociedade”, mas sem especificar.
Para
Jorge Neto Valente, foi “simpático” da parte de Ho Iat Seng querer recolher opiniões
junto dos advogados. A expectativa é que “aproveite algumas ideias” para o
programa político.
Além
destes encontros, estão previstos outros com mais associações de matriz
portuguesa, como a Casa de Portugal, Associação dos Macaenses e Associação Promotora
da Instrução dos Macaenses. Note-se que o período de candidatura a Chefe do
Executivo termina no dia 23. Ho Iat Seng precisa de recolher, no mínimo, 66
assinaturas junto dos membros do colégio eleitoral para formalizar a entrada na
corrida.
Grande Baía, jovens e direitos
laborais
Ao
longo desta semana, o candidato tem estado a manter contactos e recolher
sugestões de vários dirigentes associativos, como a Associação Comercial que
pediu apoio para incentivar os residentes a se adaptarem na Grande Baía.
Dos
membros da Federação das Associações dos Operários de Macau, Ho ouviu chamadas
de atenção sobre a integração nas mesmas cidades defendendo melhorias na
conexão entre as infraestruturas de Macau e as de outras cidades, deixando
presente as garantias pelos direitos ligados ao investimento no exterior. Por
outro lado, com os “Kaifong” foi salientada a importância de promover o fluxo
de profissionais especializados.
Noutra
perspectiva, a Associação Comercial apontou o dedo a diversos factores que têm
dificultado o desenvolvimento do sector, como o atraso na elaboração de regimes
jurídicos, a falta de colaboração entre diferentes departamentos e Secretarias
do Governo e também de recursos humanos.
A
associação partilhou com Ho Iat Seng o desejo de que o próximo líder da
Administração de Macau se dedique a aperfeiçoar os mecanismos de importação de
quadros.
Por
sua vez, os representantes da FAOM colocaram ênfase nos direitos laborais,
regime de despedimento de trabalhadores não residentes, formação de
funcionários e espaços para a promoção profissional. No encontro, entenderam
ser merecedoras de atenção vertentes como os jovens, a formação contínua e a
aquisição de imóveis.
Ho
Iat Seng ouviu ainda apelos dos “Kaifong” para incentivar a promoção e
aceleramento das obras de prevenção de cheias, da remodelação de zonas antigas,
renovação urbana, bem como o reforço na fiscalização do uso do erário público. Catarina Almeida – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
Sem comentários:
Enviar um comentário