Luanda
- O Presidente angolano considerou em Luanda que a mobilidade na Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma questão "bastante sensível",
defendendo um firme empenho dos Estados-membros na superação dos entraves
legais e políticos para a sua concretização.
João
Lourenço discursava na abertura da IX Assembleia Parlamentar da CPLP (AP-CPLP),
que arrancou, em Luanda, subordinada ao lema "Mobilidade: Fator de
Aproximação dos Povos da CPLP.
O
chefe de Estado angolano disse que o tema da mobilidade "é bastante
sensível", porque os seus Estados-membros estão inseridos em várias
regiões geopolíticas, pelo que uma "integração regional pode constituir
obstáculo à sua concretização".
Segundo
João Lourenço, o assunto tem sido amplamente debatido ao nível dos Governos da
CPLP, lembrando que na XII conferência de chefes de Estado da comunidade
lusófona, realizada em 2018, em Cabo Verde, foi adotada uma Declaração sobre as
Pessoas e a Mobilidade na CPLP.
"Estamos
cientes que a inserção dos nossos países em várias regiões geopolíticas e uma
integração regional pode eventualmente constituir obstáculo à sua
concretização. Todavia, o importante é estarmos firmemente empenhados com os
objetivos que almejamos com o seu estabelecimento, para que, superados os
entraves de ordem legal e política, possa, de facto, contribuir para a
consolidação da CPLP", disse o Presidente angolano.
Enquanto
não for efetiva a mobilidade na comunidade lusófona, prosseguiu João Lourenço,
Angola celebrou acordos de isenção de vistos em passaportes diplomáticos e de
serviço, com a maior parte dos Estados-membros da CPLP.
Para
João Lourenço, "este expediente é um mecanismo de facilitação de
mobilidade no espaço da comunidade e quiçá uma base para a remoção de alguns
entraves na circulação de pessoas, particularmente dos estudantes e de
empresários".
Em
declarações aos jornalistas, o presidente da AP-CPLP e presidente da Assembleia
Nacional de Cabo Verde, Jorge dos Santos, disse que a questão da mobilidade é
um processo, que já recebeu o aval de todos os Estados-membros.
"É
um projeto e uma proposta que está a ser muito bem trabalhada, grandes ganhos
já conseguimos a nível dessa discussão, dos executivos, existe uma proposta
concreta que permite várias soluções, não só da mobilidade ou vistos de curta
duração, mas também para vistos de longa duração e de permanência", disse
Jorge dos Santos.
De
acordo com o presidente da AP-CPLP, já foram feitos avanços a nível dos
ministérios da Administração Interna dos países que integram a comunidade e
para o próximo dia 19 está marcada a reunião dos ministros dos Negócios
Estrangeiros, na cidade do Mindelo, em Cabo Verde, para a discussão da proposta
política.
Jorge
dos Santos frisou que, debatida a proposta política, estarão criadas as
condições para a decisão a nível dos chefes de Estado, que irá acontecer, em
2020, em Luanda.
"É
um processo, nós ao nível da Assembleia Parlamentar vamos debater essa
proposta, vamos conhecer a fundo as regras e as propostas que estão sujeitas a
discussão a nível do executivo, por forma também a nós, enquanto parlamentares
legisladores, que no fim da linha vai ter a missão de aprovar a legislação de
mobilidade, prestarmos a nossa contribuição e enriquecermos também esta mesma
proposta", referiu.
O
presidente da AP-CPLP sublinhou que a mobilidade é um processo, que, acima de
tudo, tem que ter "segurança".
"Temos
que fazer a mobilidade em segurança, as pessoas querem ter segurança, querem
ter previsibilidade e não é um processo só de dizer que vamos isentar os
vistos, não é só isenção dos vistos, é isentar os vistos com responsabilidade,
com segurança e acima de tudo com objetividade", realçou.
"Vários
dos nossos países têm responsabilidades regionais, como é o caso do Brasil, de
Portugal e outros mais e existem todos os cenários para existirem também a
possibilidade de mobilidade a nível bilateral, se as condições estiverem
criadas para o conjunto dos nove países da CPLP se avançar com um projeto
comum, melhor, é o final da linha, mas até chegar lá abrem-se possibilidades
para os acordos bilaterais", acrescentou. In “Sapo Timor-Leste” com “Lusa”
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