O parlamento australiano aprovou ontem
o tratado sobre as fronteiras marítimas com Timor-Leste, ratificado há uma
semana pelo parlamento timorense, após uma década de disputa entre os dois
países
A
ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Marise Payne, considerou que o
tratado "resolve uma disputa longa sobre as fronteiras marítimas no
contexto do desenvolvimento do Greater Sunrise" e lança as "fundações
para um novo capítulo nas relações bilaterais".
O
líder da oposição, Anthony Albanese, disse durante o debate na Câmara dos
Representantes, na sexta-feira, que a prolongada disputa "não ajudou à
imagem australiana de boa vizinhança com uma das nações mais jovens do
planeta".
"Com
a aprovação do tratado, a Austrália está agora pronta para, conjuntamente com
Timor-Leste, desenvolver os campos de gás Greater Sunrise em benefício dos dois
países", adiantou o Governo australiano num comunicado conjunto dos
gabinetes do primeiro-ministro e ministros das Finanças, Negócios Estrangeiros
e Recursos.
"Greater
Sunrise gerará novas oportunidades de rendimento, desenvolvimento comercial e
industrial para Timor-Leste e uma importante parte da futura economia
timorense", reforça o comunicado.
O
Governo australiano sublinha que o tratado estabelece as fronteiras marítimas
permanentes entre os dois países e uma "moldura legal estável para o
desenvolvimento dos recursos de gás e petróleo no mar de Timor".
"Mantém
o compromisso da Austrália com as regras internacionais e a resolução pacífica
de disputas e reflete o compromisso total com a independência, soberania e
sustentabilidade económica de Timor-Leste", acrescenta-se no texto.
O
tratado resultou de um processo de conciliação obrigatória iniciado por
Timor-Leste em 11 de abril de 2016, no âmbito da Convenção das Nações Unidas
sobre o Direito do Mar (CNUDM), e concluído com a assinatura do documento em 06
de março de 2018 em Nova Iorque.
O
processo permitiu “alcançar uma solução global negociada para a disputa sobre a
delimitação permanente das respetivas fronteiras marítimas”, que inclui “a
concordância sobre a ligação inextrincável entre a delimitação das fronteiras
marítimas e a criação do regime especial para os Campos do Greater Sunrise”.
O
Parlamento Nacional timorense tinha ratificado em 23 de julho o tratado que
define as fronteiras marítimas permanentes entre Timor-Leste e a Austrália,
depois de aprovar várias alterações legislativas, mas com os votos contra da
Fretilin, na oposição.
Os
textos vão agora para o Presidente da República, que tem até 30 dias para
decidir vetar ou promulgar.
Em
caso de veto, os diplomas regressam ao Parlamento Nacional onde basta serem
confirmados por maioria simples – que a coligação do Governo detém – para que o
Presidente da República os tenha de promulgar.
O
parlamento alargou a sessão legislativa até 15 de agosto para lidar com esta
questão.
O
Governo pretende que a troca de notas com a Austrália, que marca a entrada em
vigor formal do tratado, ocorra em 30 de agosto, quando se cumprem 20 anos do
referendo em que os timorenses escolheram a independência. In “Sapo
Timor-Leste” com “Lusa”
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