Lisboa
- O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a
Alimentação (FAO) afirmou que Portugal e Brasil devem "ajudar mais" a
comunidade lusófona no cumprimento do acordo assinado entre as organizações em
2014.
"Os
países não conseguem andar mais rápido por si só. São países pobres (...), e
pelo número de vezes que se troca de governo nesses países, percebemos que
enfrentam crises sistémicas", disse hoje José Graziano da Silva, em
Lisboa, acrescentando que "parte dessa crise sistémica é a falta de
recursos disponíveis".
"Então
esses países precisam de ajuda. Portugal e Brasil precisam de ajudar mais a
CPLP".
As
declarações de José Graziano da Silva surgiram no contexto de um balanço do
Programa de Cooperação Técnica (PCT) entre a FAO e a CPLP, assinado em 2014.
O
diretor-geral da FAO considera que o PCT "caminhou mais devagar" que
o esperado, mas que a transformação do escritório da agência da ONU em Portugal
num "escritório de Portugal e de apoio à CPLP" é "uma grande
contribuição" para ter "condições para andar mais rápido".
O
acordo assinado em março de 2014 entre FAO e CPLP pretendia a formação de
produtores agrícolas de países africanos lusófonos e de Timor-Leste para a
segurança alimentar e nutricional.
Na
ocasião, o então secretário-executivo da CPLP, Murade Murargy, explicou que o
objetivo era "capacitar os países e as instituições em matéria de produção
agrícola" e a FAO contribuiria com 500 mil dólares (445 300 dólares ao
câmbio atual).
José
Graziano da Silva, cujo mandato à frente da FAO está no último ano, abordou
também os desastres climáticos nos países lusófonos, em particular a seca no
sul de Angola e os ciclones em Moçambique.
"Essa
seca em Angola é recorrente, já não é o primeiro ano, e o mesmo se passa com o
ciclone em Moçambique. Tem-se repetido nos últimos três/quatro anos",
estimou.
"A
diretriz maior da nossa atuação, além de acudir quando ocorrem os desastres
climáticos, é promover a resiliência das populações, a capacidade de resistirem
a esse impacto. Porque infelizmente essa é a nova realidade. Isso vai
repetir-se cada vez mais", lamentou o responsável da FAO.
Nesse
sentido, Graziano da Silva explicou que a atuação da FAO tem sido dirigida para
a substituição de culturas "mais resistentes à seca", como cultivos.
Já em Moçambique, o responsável indicou as "culturas perenes, que podem
resistir a essas inundações" como uma alternativa.
José
Graziano da Silva falou aos jornalistas em Lisboa, à margem da assinatura de um
protocolo de cooperação entre a agência das Nações Unidas e a Universidade
Aberta (UAB).
Esta
parceria vai levar técnicos da FAO a aulas, palestras e conferências do
mestrado de Ciências do Consumo Alimentar da UAB e vai permitir a integração de
estágios de alunos nas Nações Unidas.
Com
a parceria, as duas instituições pretendem reforçar as relações de cooperação e
intercâmbio na área da formação.
"Considero
que é um privilégio podermos trabalhar neste programa conjunto, que será depois
um modelo de ação com envolvimento dos especialistas da FAO (...), em especial
com o mestrado de Ciências do Consumo Alimentar , assim como poderá também
permitir aos nossos alunos um contacto muito mais aproximado (...) levando-os a
ter uma participação intensa e serem, inclusive, meios de apoio às políticas da
FAO nos vários territórios", considerou o reitor da UAB, Paulo Silva Dias,
após a assinatura do acordo de cooperação. In “Sapo Timor-Leste” com “Lusa”
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