O representante da comunidade de
descendentes de portugueses do Sri Lanka, um legado com mais de 500 anos,
queixou-se da falta de apoio de Portugal em arranjar vistos para o seu grupo
tradicional atuar num festival em Cantanhede
“Estou
muito triste" com Portugal, disse Earl Barthelot, em entrevista à Lusa à
margem da 2.ª Conferência das Comunidades Portuguesas na Ásia, que juntou no
Bairro Português de Malaca, Malásia, representantes das comunidades asiáticas
descendentes de portugueses, numa iniciativa de partilha das raízes culturais, com
cerca de 300 luso-asiáticos, de várias comunidades do continente.
"No
dia 6 de julho há um festival em Cantanhede e o meu grupo foi convidado,
dançarinos e músicos, 17 no total, tínhamos de voar para Portugal no dia 3 de
julho", afirmou o descendente luso, referindo-se ao festival
"Culturas do Mundo", que decorre até dia 14 de julho e cujo um dos
altos patrocínios é o Governo português.
O
grupo canta e dança o estilo Kaffringha que, segundo Earl Barthelot, é
proveniente do sul de Portugal, vem desde 1506 quando o capitão e líder da
expedição Portuguesa, Lourenço de Almeida chegou ao Ceilão (agora Sri Lanka) em
1505. Todos os membros do grupo são Burghers Portugueses, grupo étnico do Sri
Lanka descendentes de portugueses, que falam português antigo e são católicos,
explicou.
"A
intenção de irmos era sensibilizar os portugueses que há descendentes de
portugueses a viverem no Sri Lanka e que dão vida às tradições, à língua e à
cultura", apontou o responsável. No cartaz do festival pode ler-se que o
Sri Lanka é um dos convidados para atuar.
"Pedimos
visto através da Embaixada francesa porque a Embaixada de Portugal em Nova Deli
disse que a Embaixada francesa representa a Embaixada portuguesa no Sri Lanka,
mas estamos a ter muita dificuldade em arranjar o visto ou mesmo em conseguir
uma marcação para pedir o visto", denunciou.
Earl
Barthelot afirmou que tem escrito para as embaixadas portuguesas e francesas e
que "a francesa nunca respondeu e a portuguesa disse, que apesar de serem
os representantes legais, não podem influenciar e fazer recomendações à
embaixada francesa".
Não
existe representação diplomática portuguesa permanente, os assuntos
relacionados com este país são acompanhados pela Embaixada de Portugal em Nova
Deli, apesar disso existe uma cônsul honorária, Preenie Kariyawasan Pinto.
"Ela
nunca comunica connosco, tenho tentado comunicar com ela nos últimos seis anos
e nada", afirmou. In “Expresso” – Portugal com “Lusa”
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