Economia marítima rende R$ 2
trilhões para o Brasil por ano
Responsável por concentrar
metade da população brasileira, o litoral representa uma das principais fontes
de riquezas do país. O mar rende R$ 2 trilhões por ano, o equivalente a 19% do
Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e dos serviços produzidos) nacional.
A estimativa foi apresentada pelo representante da Comissão Interministerial para os Recursos do
Mar e comandante da Marinha, Rodrigo de Campos Carvalho. Um dos participantes
da 1ª Conferência Ministerial Regional das Américas sobre Economia Verde, ele
defendeu a importância da preservação dos recursos marinhos para assegurar o
desenvolvimento sustentável.
Segundo Carvalho, a estimativa
da economia marítima, chamada por ele de “economia azul”, considera a produção
de petróleo e de gás, a defesa, os 235 portos do país, o transporte marítimo, a
indústria naval, a extração de minérios além do petróleo, o turismo, a pesca,
as festas populares ligadas ao mar e a culinária marinha. “O mar brasileiro é pujante.
Hoje discutimos uma reforma da Previdência que economizaria R$ 1 trilhão em dez
anos. No mar, temos R$ 2 trilhões por ano”, destacou.
Plataforma
continental
Segundo o comandante, o
principal desafio do governo, no momento, consiste em estender área marítima do
país de 4,2 milhões para 5,7 milhões de quilômetros quadrados. Ele ressaltou
que o Brasil entregou às Nações Unidas, no fim do ano passado, a última parte
dos estudos que mostram que a elevação de Rio Grande, próxima à costa da Região
Sul, integra a plataforma continental brasileira. “Com isso, a área marítima
brasileira será maior que a Amazônia. Temos uma Amazônia Azul e precisamos
preservá-la”, disse.
Carvalho explicou que a
Organização das Nações Unidas (ONU) não tem prazo para analisar o pedido do
Brasil. Ele, no entanto, disse que o Brasil foi o segundo país a entregar à ONU
o levantamento da plataforma continental. O primeiro foi a Rússia.
Desenvolvimento
sustentável
Carvalho ressaltou que o
Brasil assumiu, na Conferência dos Oceanos da ONU em 2017, o compromisso de
usar os recursos marítimos para o desenvolvimento sustentável. O país
comprometeu-se a implementar, até 2030, o Planejamento Espacial Marinho, que
proporcionará uma gestão ativa no espaço marítimo e o respaldo das leis.
“O planejamento visa à
garantia da soberania, o uso compartilhado e sustentável do ambiente marinho e
a segurança jurídica para os investidores internacionais para trazer
desenvolvimento sustentável”, afirmou. Ele acrescentou que a comissão
interministerial está engajada no combate a poluição marítima, por meio do
Plano Nacional de Combate ao Lixo do Mar. Além disso, no fim do ano passado, o
governo criou as áreas de proteção ambiental de Trindade e de São Pedro e São
Paulo, o que aumentou para 23% a área marítima brasileira protegida
ambientalmente.
Criada em 1974, a Comissão
Interministerial para os Recursos do Mar abriga 15 ministérios, com uma reunião
plenária de quatro em quatro meses e reuniões técnicas a cada mês. A comissão é
coordenada pelo comandante da Marinha, o almirante de Esquadra Ilques Barbosa
Junior.
Antártida
Carvalho destacou que a
Estação Comandante Ferraz, na Antártida, parcialmente reinaugurada em março
depois de um incêndio em 2012, tem investido em energia eólica (do vento),
captação de energia solar e isolamento térmico. Atualmente, um quarto do
consumo da estação vem de fontes renováveis. A base do Arquipélago de São Pedro
e São Paulo, perto de Fernando de Noronha, conta com painéis solares. “Nosso
desafio agora é modernizar a matriz energética de Trindade”, disse.
A 1ª Conferência Ministerial
Regional das Américas sobre Economia Verde começou no dia 24 e terminou na quarta-feira 26, na capital cearense. O encontro foi organizado pela
World Green Economy Organization (WGEO) – Organização Mundial da Economia Verde
–, pelo Escritório de Cooperação Sul-Sul da Organização das Nações Unidas
(UNOSSC) e pelo Instituto Brasil África (Ibraf), com apoio do Governo do Ceará
e em parceria com o Secretariado das Nações Unidas para Mudanças Climáticas
(UNFCCC), com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e com
a International Solar Alliance (ISA). Wellton
Máximo – Brasil in “Agência Brasil”
Sem comentários:
Enviar um comentário