Navio
com pesquisadores zarpa nesta semana do Porto de Santos
Uma equipe de 19 pesquisadores
vai embarcar em uma expedição a bordo do navio oceanográfico Alpha Crucis, no
Porto de Santos, para estudar os impactos da poluição global e das mudanças
climáticas no Oceano Atlântico Sul. A embarcação pertence ao Instituto Oceanográfico
(IO), da Universidade de São Paulo (USP). O grupo deixa o complexo marítimo na
sexta-feira e retorna dia 28.
Segundo a diretora do IO,
Elisabete de Santis Braga da Graça Saraiva, entender os danos do efeito estufa
no mar ajuda a antecipar soluções a essa questão. As análises também servem
para compreender as mudanças climáticas que atingem, principalmente, as
populações que vivem em áreas costeiras, onde está grande parte do território
da Baixada Santista.
Apesar dos estudos oceânicos
terem ganhado maior destaque a partir de 2003, só em 2011, com início do
projeto South Atlantic Meridional (Samoc), passou-se a observar mais de perto o
Atlântico Sul.
Agora, a expedição conhecida
como Sambar, que complementa o projeto Samoc, fará sua segunda viagem para
acompanhar a variação da corrente meridional de circulação da água.
“A obtenção de dados no mesmo
lugar nos permite analisar os efeitos do impacto global sobre a economia azul
(que reúne as atividades relacionadas aos oceanos e a seus recursos), impactos
na área costeira e atividade portuária, como a presença de ventos extremos,
ressacas e aumento do nível do mar”, explicou a diretora.
O grupo é formado por
professores, estudantes e técnicos brasileiros e estrangeiros. E se deslocará
até um ponto do oceano entre o Brasil, Argentina e Uruguai.
Elisabete conta que a equipe
vai para alto-mar para “medir correntes marítimas e temperaturas, usamos
telemetria, imagens de satélite, equipamentos de fundeio – são lançados no mar
e recuperados no ano seguinte –, analisamos dados a mais de 4 mil metros de
profundidade para avaliar a circulação profunda”.
A pesquisadora diz que cada
nível de água se movimenta de forma diferente e, a cada pequena mudança, é
percebido o efeito da poluição. “Não analisamos só a circulação da água.
Observamos o oxigênio, os nutrientes, propriedades químicas e o carbono”,
conta.
Não se espera notar um
aquecimento nas águas mais profundas, pois é algo que não deve ocorrer, diz a
professora. De acordo com ela, uma maior temperatura registrada até mil metros
ainda não é tão preocupante, porém alerta: “Temos que prever para melhorar as
medidas de mitigação (para aliviar os danos), antes de atingir graus de
perigo”.
Oceano
é radiador
A pesquisadora destaca a
importância do oceano no controle da poluição. “É um grande radiador para a
distribuição de calor da terra”.
Mas, devido ao grande volume
de gases, ele está sobrecarregado. “A queima indiscriminada de combustíveis
gera o gás carbônico e o efeito estufa retém o calor do sol. Esses gases
envelopam a Terra e fazem troca com a água. O mar absorve o CO2 tentando
aliviar a atmosfera, mas as águas superficiais se aquecem e as correntes mudam
seu percurso, o que causa reflexos, novamente, como aumento de ressacas,
erosão, aumento do nível do mar”.
Elisabete conta que a
expedição é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (Fapesp) e conta com o apoio da Marinha do Brasil, da Capitania dos
Portos de São Paulo e da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a
Autoridade Portuária de Santos). Matheus
Müller – Brasil in “A Tribuna”
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