O grupo de avaliação da Academia Chinesa de Ciências Sociais que elaborou o Relatório de Avaliação Externa por ocasião do 15º aniversário do Fórum Macau defende que se deve “promover uma reforma do mecanismo” do organismo para que este se adapte “à situação mutável da cooperação económica e comercial”. Neste sentido, considera que “a disseminação” do Fórum tem de ser “fortalecida”. Por outro lado, sugerem que aumente os quadros bilingues em Chinês e Português, sublinhando que só assim “poderá haver grandes mudanças” na plataforma sino-lusófona
Criado
em Outubro de 2003, o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a
China e os Países de Língua Portuguesa – ou Fórum de Macau – “abriu um novo
modelo de cooperação intergovernamental”, “criou um novo caminho à cooperação
económica e comercial” entre a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP) e
“exerceu plenamente o papel como plataforma que liga” estes países. É o que
refere o Relatório de Avaliação Externa por ocasião do 15º aniversário do Fórum
Macau, feito pelo grupo de avaliação da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Apesar
dos frutos conseguidos já pelo Fórum Macau, há, no entanto, um longo caminho a
percorrer. Ainda que nos últimos 15 anos, os mecanismos de organização e
colaboração tenham “amadurecido”, suportando “fortemente” a operação do Fórum,
o documento, consultado pelo Jornal Tribuna de Macau, indica que a construção
dos seus mecanismos “exige melhoramento contínuo para se adaptar à situação
mutável da cooperação económica e comercial”.
A
fim de promover o seu desenvolvimento no futuro, é necessário melhorar a construção
do mecanismo do Fórum Macau. Para tal, “deve-se promover a reforma do
mecanismo”, “elevar o seu nível cooperativo e realizar, num momento oportuno, a
cimeira dos líderes da China-PLP”, bem como reforçar o contacto entre os países
participantes e diversificar os meios de divulgação.
Neste
sentido, os membros do grupo de avaliação defendem que “a disseminação do
Fórum” tem de ser “fortalecida”. “Mesmo que o Secretariado Permanente do Fórum
de Macau, incluindo os delegados enviados por cada país e os pontos focais,
tenham feito trabalhos frutuosos, a popularidade e a influência do Fórum
deverão ser ampliadas no futuro”. No documento, pode mesmo ler-se que “a falta
de conhecimento do Fórum constitui um factor importante na baixa avaliação
obtida de alguns inquiridos nas pesquisas realizadas”.
Além
disso, “as posições e responsabilidades dos pontos focais dos PLP e dos
delegados, junto do Secretariado Permanente do Fórum, têm que ser melhor
definidas”.
A
construção do mecanismo inclui o funcionamento da Conferência Ministerial como
órgão supremo da decisão para assegurar os objectivos do “Plano de Acção” e a
direcção de desenvolvimento do Fórum; o aperfeiçoamento da estrutura
organizacional e das funções do Secretariado Permanente; o fortalecimento do mecanismo
de cooperação entre a China e os PLP, promovendo visitas recíprocas,
comunicações de alto nível e negociações bilaterais, assim como, o acréscimo de
intercâmbio entre províncias e cidades dos países participantes, “estimulando
as cooperações dos governos locais”.
Só com bilingues poderá “haver grandes mudanças”
No
capítulo dedicado ao primeiro relato da RAEM surgem também algumas sugestões,
entre as quais, “aumentar as reservas de talentos bilingues”, já que os
talentos “são a chave” para a construção do Fórum, assim como para a Plataforma
China-PLP. Sublinhando que o Governo da RAEM “negligenciou anteriormente a
formação de talentos” na área do Português, os membros do grupo de avaliação
afirmam que é algo imprescindível. “Somente intensificando a formação de
talentos num período próximo poderá haver grandes mudanças na Plataforma
China-PLP”, refere o documento.
Entre
as sugestões dadas ao Executivo da RAEM para reforçar a formação de quadros
bilingues em Chinês e Português estão o aumento do número de bolsas de estudo,
“permitindo aos estudantes de Macau ingressar em cursos de Português ou estudar
nos PLP, e prestar atenção à comunicação com os bolsistas”, bem como “financiar
a aprendizagem do Português por parte de residentes de Macau, assim como
incentivar instituições privadas a oferecer cursos de Português”.
Por
outro lado, deve “apoiar as instituições de ensino superior locais a abrir mais
vagas e cursos de formação relacionados” e “aperfeiçoar a política de inserção
de talentos, introduzindo talentos versados em Chinês e Português”.
Mais
à frente, é descrito que a RAEM deve esforçar-se para atrair e formar talentos,
a fim de fornecer recursos humanos para o intercâmbio entre a China e os PLP.
Considerando que as “instalações educativas da RAEM são relativamente
desenvolvidas” e que “as instituições de ensino superior locais têm a
capacidade de formação de talentos qualificados para a construção da Grande
Baía”, o grupo defende que “o Governo Central deve encorajar as instituições de
ensino superior de Macau a admitir mais estudantes do Interior da China, especialmente
da Área da Grande Baía, no sentido de desempenhar o papel de base educacional”.
“Ao
mesmo tempo, o Governo da RAEM deve empenhar-se em proporcionar um ambiente
mais flexível para a inovação e para o empreendedorismo em Macau, por exemplo,
atraindo talentos técnicos de alto nível, tomando medidas de redução e isenção
de impostos individuais ou fornecendo um ambiente de vida mais favorável e uma
base de investigação e desenvolvimento, entre outras”, sugerem os membros.
Sugestões de Políticas
O
Relatório de Avaliação Externa por ocasião do 15º aniversário do Fórum de Macau
apresenta inúmeras sugestões de políticas, por forma a impulsionar o
desenvolvimento do organismo e para que este atinja determinadas metas, entre
as quais, constam:
-Dar
continuidade às políticas de tarifa zero para os produtos exportados à China
pelos países asiáticos e africanos de Língua Portuguesa;
-Fortalecer
a cooperação entre as entidades aduaneiras para facilitar o comércio entre os
países e promover a cooperação na área sanitária e fitossanitária para os
produtos de origem agrícola;
-Estabelecimento
de um grupo de trabalho dedicado ao acoplamento e à cooperação entre as micro,
pequenas e médias empresas da China e dos Países de Língua Portuguesa;
-Reforçar
a cooperação industrial entre a China e os Países de Língua Portuguesa nas
indústrias como a agricultura, de fabricação, de processamento, de serviços,
bem como a marítima, na qual se sobressaem a protecção de recursos marítimos, a
utilização científica e a exploração dos oceanos;
-Tomar
a iniciativa de estabelecer o Fundo de Garantia China-Países de Língua
Portuguesa;
-Estabelecer
os centros de ‘Big Data’ e de liquidação do comércio electrónico
transfronteiriço entre a China e os Países de Língua Portuguesa, com o
objectivo de possibilitar o pagamento transfronteiriço em renminbi;
-Estabelecer
o Fundo de Bolsas do Fórum de Macau com o apoio do Governo da RAEM, a fim de
promover o intercâmbio de educação e de cultura. Catarina Pereira – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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