Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

China - Testa “sol artificial” para gerar energia limpa

A China activou o seu reactor experimental de fusão nuclear mais avançado, dando um grande passo na ambição de produzir energias com baixa emissão de carbono



Apesar de ser o principal poluidor do mundo, devido a um crescimento baseado em combustíveis fósseis, e de continuar a criar novas centrais eléctricas de carvão altamente poluentes, a China também é o país do mundo que mais investe em energia renovável. Em particular, tem realizado experiências de fusão nuclear, considerada pelos seus defensores como a energia do futuro, pois ser infinita como a do sol, e não produzir resíduos nem gases de efeito estufa.

No âmbito dessa estratégia, a China conta com o reactor Tokamak HL-2M, o maior e mais avançado dispositivo de pesquisa experimental de fusão nuclear do país, na província de Sichuan (sudoeste). Trata-se de uma câmara de confinamento magnético que gera forte calor para fundir núcleos atómicos.

Activado com sucesso no início deste mês, esse reactor é conhecido como “sol artificial”, devido à temperatura que pode ultrapassar 150 milhões de graus, segundo a agência Xinhua, ou seja, dez vezes o calor produzido no próprio coração do sol.

O reactor irá “fornecer suporte técnico essencial para a China” como parte da sua participação no projecto internacional Iter sobre reactores de fusão experimental – o maior projecto de pesquisa de fusão nuclear do mundo sediado na França, que deverá ficar concluído em 2025, indicou o engenheiro-chefe Yang Qingway, citado pela Xinhua.

O objectivo do ITER é construir um “tokamak” que possa produzir 500 MW de energia, o que seria suficiente para abastecer cerca de 200 mil residências ao mesmo tempo.

“O desenvolvimento da energia de fusão nuclear não é apenas uma forma de resolver as necessidades estratégicas de energia da China, mas também tem grande importância para o futuro desenvolvimento sustentável da energia e da economia nacional da China”, acrescentou o Diário do Povo.

As investigações sobre a fusão nuclear não são novas. As câmaras de confinamento magnético foram inicialmente concebidas na URSS. Outros foram construídas na Europa, EUA, Japão e Coreia do Sul.

Essa fusão nuclear (cujo princípio já é usado pela explosão das bombas H) é distinta da fissão (divisão dos átomos) que opera nas centrais atómicas clássicas. A dificuldade reside em manter essas temperaturas de forma sustentável e contê-las em materiais resistentes.

A fusão nuclear é um processo no qual o núcleo de dois átomos leves se unem para formar um núcleo mais pesado. A cada reacção de fusão, é libertada uma grande quantidade de energia. Assim funcionam o Sol e as estrelas, onde a cada segundo ocorrem milhões de reacções em que os núcleos de hidrogénio, por exemplo, se fundem e geram núcleos de hélio.

Já nos processos de fissão um núcleo pesado é dividido para produzir outros mais leves. A fissão gera grandes quantidades de lixo radioactivo e suscita preocupações relacionadas com a proliferação de armas nucleares. Além disso, ao contrário da fusão, a fissão cria uma reacção em cadeia, criando o risco de uma explosão.

Ainda assim, o “sol artificial” da China não convence Chary Rangacharyulu, especialista em física nuclear da Universidade de Saskatchewan (Canadá). Além do alto custo desses projectos e do tempo que demora a produzir um modelo experimental, o professor sublinhou à BBC que “o processo de fusão não é uma reacção em cadeia, tem de haver um fornecimento constante de partículas para sustentar a reacção”. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Agências Internacionais”


Sem comentários:

Enviar um comentário