As rendas dos espaços comerciais, principal fonte de
receitas da Santa Casa da Misericórdia de Macau, foram reduzidas em 75% entre
Março e Maio e em 25% nos três meses seguintes, devido à pandemia. O Provedor,
António José de Freitas, disse à Tribuna de Macau que desde que está à frente
da instituição todos os anos tem havido um saldo positivo, algo que poderá não
acontecer em 2020
A
Santa Casa da Misericórdia de Macau teve de reduzir as rendas de todos os
espaços comerciais, a principal fonte de receitas da instituição, devido à
pandemia, explicou o Provedor ao Jornal Tribuna de Macau. “Desde que sou
Provedor, desde 2000, temos feito uma gestão bastante rigorosa e todos os anos
temos tido um saldo positivo, portanto, não temos que tirar do saco azul. Mas
até ao final deste ano 2020 se calhar pela primeira vez vamos ter de
descapitalizar algum dinheiro do fundo”, afirmou António José de Freitas,
referindo-se à Santa Casa em termos globais.
“Este
poderá ser o ano em que as receitas poderão não ser suficientes para cobrir as
despesas. Se isso acontecer, será a primeira vez”, lamentou. Segundo explicou a
este jornal, durante os meses de Março, Abril e Maio foi necessário reduzir a
renda dos espaços comerciais em 75%, a pedido dos interessados. Além disso, a
instituição teve ainda de reduzir em 25% por mais três meses, ou seja, Junho,
Julho e Agosto. “É meio ano de 2020. São seis meses, é muito dinheiro”, apontou
António José de Freitas.
Apesar
disso, sublinhou que percebe a situação dos arrendatários: “Pediram para baixar
as rendas, ou mesmo isenção, mas isenção não podia ser. Percebemos a situação
porque, até hoje, aqui na Travessa do Roquete, três ou quatro lojas ainda
continuam fechadas, mas continuam a pagar renda”.
Com
148 funcionários, e um encargo mensal em termos de salários acima dos três
milhões de patacas, a Santa Casa não cortou nestas despesas, nem dispensou
funcionários. “Não houve despedimentos nem cortes nos salários”, sublinhou.
Por
outro lado, assim que a instituição soube do encerramento das fronteiras,
rapidamente arranjou apartamentos para os cerca de 20 trabalhadores
não-residentes. “Já lá vão uns meses, alguns com família, marido, filhos, e que
não vão à terra”, disse, acrescentando que, de resto, “está tudo a funcionar
bem em termos de funcionários”.
“A
pandemia afectou a Santa Casa em termos de receitas, sem a mensalidade da
creche e com as rendas mais baixas, mas isso não nos perturba nem nos demove em
termos de projectos para beneficiar aqueles que precisam. Vamos cumprir tudo
exactamente que faz parte do nosso calendário e da nossa missão”, garantiu
António José de Freitas.
Lembrando
que a pandemia afecta “muita gente, quer empresas, quer instituições de
caridade”, o Provedor disse ainda que, no caso concreto da Santa Casa, “as
coisas continuam a funcionar bem porque temos uma base financeira bastante
sólida ao longo do tempo e estamos preparados para qualquer eventualidade”.
Creche com 30 crianças
A
Creche da Santa Casa, com capacidade para 258 crianças, acolhe, neste momento,
apenas 30. “A Creche deixou de funcionar e, neste momento, já está a funcionar,
mas em termos de receitas não é quase nada, porque o Instituto de Acção Social
[IAS] só permite três crianças em cada sala. Temos 10 salas e, portanto, são 30
crianças diariamente que pagam a mensalidade”, explicou.
A
Creche abriu portas na semana passada e António José de Freitas espera que “aos
poucos” a capacidade para acolher crianças possa vir a ser aumentada pelo IAS.
Adiantou
ainda a este jornal que já está inscrita uma verba de 15 milhões de patacas
para este ano “para suportar as despesas com as obras de restauro e de
adaptação da nova creche”, mas que “ainda não é o suficiente”.
“Não
começámos ainda com as obras precisamente por causa da situação, porque em
Macau, como sabemos, a mão-de-obra, sobretudo no campo da construção, depende
muito da vizinha China. Neste momento ainda existe o confinamento, portanto,
ainda não é oportuno, para já, começar com as obras”, explicou, acrescentando
estar optimista de que arranquem ainda este ano.
O
Centro de Reabilitação de Cegos, por sua vez, reabre totalmente a partir de
segunda-feira, mas haverá uma distribuição dos utentes, com apenas metade a
utilizar o centro da parte da manhã e outra metade da parte da tarde. Catarina
Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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