Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 4 de julho de 2020

Macau - Santa Casa da Misericórdia teve de reduzir rendas dos espaços comerciais até 75%

As rendas dos espaços comerciais, principal fonte de receitas da Santa Casa da Misericórdia de Macau, foram reduzidas em 75% entre Março e Maio e em 25% nos três meses seguintes, devido à pandemia. O Provedor, António José de Freitas, disse à Tribuna de Macau que desde que está à frente da instituição todos os anos tem havido um saldo positivo, algo que poderá não acontecer em 2020

A Santa Casa da Misericórdia de Macau teve de reduzir as rendas de todos os espaços comerciais, a principal fonte de receitas da instituição, devido à pandemia, explicou o Provedor ao Jornal Tribuna de Macau. “Desde que sou Provedor, desde 2000, temos feito uma gestão bastante rigorosa e todos os anos temos tido um saldo positivo, portanto, não temos que tirar do saco azul. Mas até ao final deste ano 2020 se calhar pela primeira vez vamos ter de descapitalizar algum dinheiro do fundo”, afirmou António José de Freitas, referindo-se à Santa Casa em termos globais.

“Este poderá ser o ano em que as receitas poderão não ser suficientes para cobrir as despesas. Se isso acontecer, será a primeira vez”, lamentou. Segundo explicou a este jornal, durante os meses de Março, Abril e Maio foi necessário reduzir a renda dos espaços comerciais em 75%, a pedido dos interessados. Além disso, a instituição teve ainda de reduzir em 25% por mais três meses, ou seja, Junho, Julho e Agosto. “É meio ano de 2020. São seis meses, é muito dinheiro”, apontou António José de Freitas.

Apesar disso, sublinhou que percebe a situação dos arrendatários: “Pediram para baixar as rendas, ou mesmo isenção, mas isenção não podia ser. Percebemos a situação porque, até hoje, aqui na Travessa do Roquete, três ou quatro lojas ainda continuam fechadas, mas continuam a pagar renda”.

Com 148 funcionários, e um encargo mensal em termos de salários acima dos três milhões de patacas, a Santa Casa não cortou nestas despesas, nem dispensou funcionários. “Não houve despedimentos nem cortes nos salários”, sublinhou.

Por outro lado, assim que a instituição soube do encerramento das fronteiras, rapidamente arranjou apartamentos para os cerca de 20 trabalhadores não-residentes. “Já lá vão uns meses, alguns com família, marido, filhos, e que não vão à terra”, disse, acrescentando que, de resto, “está tudo a funcionar bem em termos de funcionários”.

“A pandemia afectou a Santa Casa em termos de receitas, sem a mensalidade da creche e com as rendas mais baixas, mas isso não nos perturba nem nos demove em termos de projectos para beneficiar aqueles que precisam. Vamos cumprir tudo exactamente que faz parte do nosso calendário e da nossa missão”, garantiu António José de Freitas.

Lembrando que a pandemia afecta “muita gente, quer empresas, quer instituições de caridade”, o Provedor disse ainda que, no caso concreto da Santa Casa, “as coisas continuam a funcionar bem porque temos uma base financeira bastante sólida ao longo do tempo e estamos preparados para qualquer eventualidade”.

Creche com 30 crianças

A Creche da Santa Casa, com capacidade para 258 crianças, acolhe, neste momento, apenas 30. “A Creche deixou de funcionar e, neste momento, já está a funcionar, mas em termos de receitas não é quase nada, porque o Instituto de Acção Social [IAS] só permite três crianças em cada sala. Temos 10 salas e, portanto, são 30 crianças diariamente que pagam a mensalidade”, explicou.

A Creche abriu portas na semana passada e António José de Freitas espera que “aos poucos” a capacidade para acolher crianças possa vir a ser aumentada pelo IAS.

Adiantou ainda a este jornal que já está inscrita uma verba de 15 milhões de patacas para este ano “para suportar as despesas com as obras de restauro e de adaptação da nova creche”, mas que “ainda não é o suficiente”.

“Não começámos ainda com as obras precisamente por causa da situação, porque em Macau, como sabemos, a mão-de-obra, sobretudo no campo da construção, depende muito da vizinha China. Neste momento ainda existe o confinamento, portanto, ainda não é oportuno, para já, começar com as obras”, explicou, acrescentando estar optimista de que arranquem ainda este ano.

O Centro de Reabilitação de Cegos, por sua vez, reabre totalmente a partir de segunda-feira, mas haverá uma distribuição dos utentes, com apenas metade a utilizar o centro da parte da manhã e outra metade da parte da tarde. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

Sem comentários:

Enviar um comentário