SÃO PAULO – O Brasil terá
muitos desafios pela frente, se quiser se preparar para atender à demanda
gerada pelo crescimento econômico que há de vir nos próximos anos, depois de
superada a atual fase de incertezas. Um dos principais desafios será adequar sua
infraestrutura não só no que se refere ao escoamento interno das mercadorias –
já que hoje 70% desse escoamento se dão por rodovias – como aumentar a
capacidade de seus portos e terminais, o que significa também elevar o calado
de cada um deles para receber os meganavios que vêm por aí.
Ainda recentemente um
terminal do porto de Long Beach, na Costa Oeste dos Estados Unidos, inaugurado
em 2011, anunciou que está em condições de receber navios de até 22 mil TEUs
(unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). Além disso, outros portos
norte-americanos estão investindo em obras de expansão que vão permitir
manobras e atracação de navios-gigantes que serão desovados por guindastes do
tipo Super Post Panamax.
Por aqui, por enquanto, esse
objetivo ainda parece muito distante. Basta ver que há poucos dias a Brasil
Terminal Portuário (BTP), localizada na margem direita, na região da Alemoa, no
porto de Santos, anunciou como um grande feito o fato de passar a receber naus
de 9.200 TEUs, valendo-se de um calado de 13,9 metros, a maior profundidade de
berço autorizada no complexo portuário. Já o grupo Santos 17, que reúne
diretores de terminais, defendeu junto ao ministro dos Portos a ampliação do
aprofundamento de uma só vez do canal do estuário de 15 para 17 metros, que
permitirá ao porto receber navios de até 14 mil TEUs.
Como se sabe, o calado é a
altura máxima da parte do casco do navio que pode ficar submersa, ou seja, é
quanto a embarcação pode afundar sem correr o risco de ficar encalhada.
Portanto, quanto maior for a profundidade do porto, mais o navio poderá
carregar, o que equivale a maior competitividade nas operações portuárias.
Em razão de suas
peculiaridades, não se sabe quanto o canal do estuário santista poderá suportar
em obras de dragagem para elevar o seu calado. Por isso, a saída seria investir
na expansão em águas profundas na Baía de Santos, em busca de maiores
profundidades, com a eliminação dos gastos com dragagem, mas com obras de
abrigo igualmente custosas. É de se lembrar que essa tendência já se afigura
irreversível, o que significa dizer que a Secretaria de Portos (SEP) não pode
mais ignorá-la, sob pena de o porto vir a perder importância, já que os limites
impostos à navegabilidade representam um retrocesso nos ganhos operacionais.
Em outras palavras: o porto
pode ser excluído das correntes de comércio exterior, se não oferecer
alternativas para a operação de grandes navios. Afinal, os custos por unidade
transportada diminuem sensivelmente na medida em que o tamanho das embarcações
aumenta. Sem contar que os supercargueiros consomem menos combustíveis e emitem
menos gases, o que contribui para o equilíbrio ambiental. Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
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