Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 5 de abril de 2015

Portugal - A língua como plataforma económica e geoestratégica

António Sampaio da Nóvoa
“Em primeiro lugar a língua. A língua por visão estratégica para Portugal. É fácil olhar para o mapa do mundo e nele identificar os lugares da língua portuguesa, está aqui o futuro de Portugal.

Por que a língua não é só língua, a língua é história, é cultura, são pessoas, relações em todos os continentes, um potencial económico imenso, são trocas comerciais, comunicação, é tudo aquilo que faz a diferença no mundo globalizado do séc. XXI, tudo aquilo que estranhamente não temos sabido aproveitar.

No mapa, no mapa vê-se uma marca da Europa e esta marca é decisiva, a Europa é a nossa casa e nela trava-se uma das batalhas mais importantes para o nosso futuro, porque esta Europa e esta União Económica e Monetária não nos serve.

Tal como em Abril, temos que contribuir, nós, para alterar o panorama europeu, não nos deixando abater pela fatalidade nem pelo desânimo, nem pela periferia como se nada pudéssemos. Podemos sim, não somos uma jangada e é na Europa que temos de firmar a nossa posição. Mas para isso, para firmar esta posição na Europa, precisamos de olhar também para o resto do mapa e nele identificarmos a língua portuguesa em muitos continentes, mas sobretudo no hemisfério sul.

Na Europa metade das nossas energias, no mundo da língua portuguesa a outra metade. Um pé no território, outro no mar português, deste equilíbrio, equilíbrio nunca conseguido na história de Portugal, nasce uma visão estratégica para o nosso país, com consequências concretas, bem concretas, no plano político, no plano das alianças, no plano económico, a TAP e a RTP por exemplo, no plano militar, no plano do nosso desenvolvimento, e só esta visão nos pode libertar de políticas incompetentes, de vistas curtas, que nos colocaram no labirinto do qual parece não haver saída, mas há!

A nossa geração, a nossa geração tem uma responsabilidade imensa, cuidar do futuro e só há futuro com uma ideia clara do que queremos ser, uma ideia que tem a língua como plataforma económica e geoestratégica, como plataforma do nosso lugar e do nosso papel, na Europa e no mundo. Sim, temos que ser maiores que os nossos problemas, como em Abril, é isso que o país nos pede, é isso que temos a obrigação de dar ao país”. Sampaio da Nóvoa - Portugal




António Manuel Seixas Sampaio da Nóvoa – Natural de Valença do Minho onde nasceu em Dezembro de 1954. Antes de ser eleito reitor foi vice-reitor da universidade de Lisboa e professor catedrático da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, onde exerceu as funções de presidente do Conselho Científico (1999 2001).

Também foi consultor para a educação do Presidente da República, entre 1996 e 1999, recebendo a 04 de Outubro de 2005 a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública. Anteriormente, a 21 de Maio de 1999, foi condecorado no Brasil Comendador da Ordem do Rio Grande do Sul.

Iniciou a sua carreira universitária em 1982, na Universidade de Genéve. Integra a Universidade de Lisboa desde 1986-1987.

Inicialmente foi contratado como Professor Auxiliar da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, em 1987, foi nomeado Professor Associado, em 1990, e Professor Catedrático, em 1996, na sequência de concursos públicos.

Historiador de educação, António Nóvoa tem formação em Pedagogia (Ciências da educação) e em História Moderna e Contemporânea, na Universidade de Genéve e na Universidade de Paris IV Sorbonne.

Doutorou-se na Universidade de Genève, em 1986, na área das Ciências da educação, com uma tese sobre a história do processo de profissionalização da actividade docente (séculos XVIII a XX), tendo obtido a classificação máxima. Em 1994, foi aprovado por unanimidade em provas de agregação na Universidade de Lisboa.

Para além de inúmeras colaborações regulares nos programas de doutoramento de prestigiadas universidades estrangeiras (Barcelona, Genève, Montreal, São Paulo…), foi Professor Convidado, durante um ano, da University of Wisconsin Madison (1993/1994) e da Columbia University New York (2002). Em 1995, foi Investigador Visitante, durante um semestre, do INRP/Université de Paris V e, em 2001, da University of Oxford.

Para além de 34 teses de mestrado, foi orientador (ou co-orientador) de 17 teses de doutoramento, já concluídas: Universidade de Lisboa (9), Universidade do Porto (1), Universidade do Minho (1), Universidade de Aveiro (1), Universidade Técnica de Lisboa (1), Universidade de São Paulo (3) e Universidade Federal da Baía (1). Desde 1986 que António Sampaio da Nóvoa faz parte de júris de provas académicas (mestrado, doutoramento e agregação) em quase todas as universidades portuguesas, bem como em universidades brasileiras, canadianas, espanholas, francesas, norte-americanas e suíças.

É membro do Conselho editorial de várias revistas científicas nacionais e internacionais e a sua bibliografia científica é constituída por cerca de 150 títulos (artigos, livros e capítulos), mais de metade publicados no estrangeiro.

António Sampaio da Nóvoa é responsável, juntamente com Martin Lawn, por uma colecção intitulada “Comparative Histories of Education”, publicada pela Symposium Books (Oxford). Colaborou na Nova História de Portugal (direcção de Joel serrão e A. H. Oliveira Marques), no Dicionário de História do Estado Novo (coordenação de Fernando Rosas), no Dicionário de História de Portugal (coordenação de António Barreto e Maria Filomena Mónica) e na International Encyclopaedia of the Social and Behavioral Sciences (editada pela Elsevier, sob a direcção de N.J. Smelser e P.B. Baltes).

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