Há 41 anos, no mês de Abril, a
alegria estampou-se nos rostos dos portugueses e a solidariedade foi o mote
para um futuro melhor, com muitos portugueses a abandonarem o segundo e
terceiro emprego, para que outros saíssem do desemprego e tivessem direito a um
trabalho digno.
Passados estes anos, a
tristeza invadiu a face de cada cidadão português, basta frequentar o comércio
tradicional de bairro para perceber que os comerciantes, tanto do retalho como
grossistas, apontam este mês de Abril de 2015, como o pior mês de sempre na sua
actividade comercial, comerciantes de entre os melhores, demonstrado pela
capacidade de resistência na manutenção das portas abertas das suas lojas.
Eles próprios, retalhistas e grossistas,
afirmam em conjunto, que a falta de clientela nos seus negócios é a ausência de
consumidores nas lojas, que envergonhados por não terem dinheiro para adquirir
os bens essenciais, não saem de casa, pois a maioria dos clientes do comércio
de bairro é sustentada por uma pensão equiparada aos países mais pobres do
mundo, pagam neste mês de Abril de 2015, um Imposto Municipal sobre Imóveis
(IMI) equivalente ao pagamento de um imposto similar de um qualquer país
desenvolvido europeu.
Já faltam menos de seis meses
para a renovação da Assembleia da República e a consequente formação de um novo
governo e estes portugueses, uma boa percentagem de uma população sem
rendimentos para um programa cultural, seja uma ida ao cinema, um bom
espectáculo de teatro, a compra de um livro ou para assistir a um programa
musical, têm no televisor a sua única forma de distração.
É através da televisão que os “peritos”,
sejam comentadores ou políticos, principescamente pagos, transmitem as
mensagens que não há futuro, sem redução de ordenados e pensões, esquecendo-se
das promessas da adesão à União Europeia de vencimentos equivalentes aos do
norte e centro da Europa no espaço de uma década, que não há futuro sem a
redução dos custos de trabalho para as empresas, que não há futuro sem a contracção
das despesas da segurança social, que não há futuro sem sacrifício de todos
aqueles que viveram uma vida com dignidade, mas, falar sobre o verdadeiro
cancro da sociedade portuguesa, nem uma palavra. O que estes “peritos” apostam
é sempre em mais austeridade sobre os mesmos, mas uma iniciativa para combater
a economia paralela que já vale mais de 25% do PIB, nem uma palavra.
Estes “peritos” sejam
comentadores ou políticos, defendem que há três partidos democráticos, aqueles
que apresentam um programa de governo no acto eleitoral e que depois aplicam o
contrário quando exercem a governação. Os outros, uns mais outros menos, são
partidos populistas, são partidos que fazem promessas para enganar o povo,
segundo eles próprios o dizem.
Perante uma intoxicação tão
evidente, a maioria dos portugueses não consegue discernir onde está a verdade e
chegado o momento de decidir numa escolha verdadeiramente democrática, prefere
ausentar-se do acto de eleger o seu representante, esquecendo-se que o método
de hondt o substituirá na eleição do deputado, pois a abstenção de votar não
elege lugares vazios na Assembleia. Baía
da Lusofonia
é possível derrotar a austeridade, mas só uma frente popular a exemplo das dos anos 30 conseguirá outra maioria social e política, outra governação, outra dignidade na Presidência da República. não será fácil, mas é urgente. e há muitas e muitos democratas que saberão estar à altura das necessidades do povo e das responsabilidades de resgatar Abril
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