O docente e investigador na
Escola de Comunicação e Artes (ECA), da Universidade Eduardo Mondlane, Afonso
Vassoa, considera que a diplomacia cultural em Moçambique é um termo
transversal, que visa encontrar mecanismos e políticas estratégicas para o alcance
de relações multiculturais entre os diferentes actores da sociedade, que possam
beneficiar as relações políticas, económicas e culturais de forma a serem
conhecidas no país e na diáspora, podendo ser usadas de várias formas, desde a
esporádica até à planificada.
O académico fez este
pronunciamento durante a apresentação do oitavo sub-tema do 3º ciclo de debates
académicos “Tertúlias Itinerantes”, que decorreu, na passada quarta-feira, 26
de Setembro, em Maputo, intitulada “Diplomacia cultural em relações internacionais”,
no Centro de Estudos Brasil-Moçambique.
Para aquele investigador, os
estudantes moçambicanos na diáspora também são grandes intervenientes na
difusão da cultura moçambicana, uma vez que estes têm a nobre missão de
difundir as culturas nacionais onde estiverem a conviver com outros povos.
Além disso, “A diplomacia
cultural em Mocambique é transversal em várias áreas de actuação, desde a
política, económica e cultural. É necessário que o interesse pela
transversalidade da nossa diplomacia cultural comece por nós, isto é, nas
escolas, nas embaixadas e pelos principais intervenientes que são alguns braços
do governo, tais como os ministérios de educação, dos negócios estrangeiros e a
sociedade civil, e as comunidades moçambicanas na diáspora”, sustentou.
Questionado sobre a
aculturação dos moçambicanos através das artes, cultura e hábitos, expressas
pela importação da cultura de países como a República da África de Sul, o
Brasil, a Angola, entre outros, este disse que a reversão dessa situação é possível,
desde que haja mudança de comportamentos que nos possa permitir fazer um
trabalho sistemático, não basta fazer de forma esporádica, mas sim com um nível
de coordenação muito alta.
Por outro lado, Sara Laisse,
uma das coordenadoras das sessões “Tertúlias Itinerantes”, disse que deste
encontro podem-se tirar várias ilações, por exemplo, o facto de a diplomacia
cultural poder ser desenvolvida de várias formas e por diferentes instituições
em Moçambique. Para a docente da Universidade Politécnica, a sociedade civil
moçambicana tem o papel de veicular junto das embaixadas e além-fronteiras, a
nossa cultura para o bem da diplomacia cultural em relações internacionais.
Reforçou o seu posicionamento
referindo que as escolas nacionais poderiam introduzir também as temáticas da
interculturalidade e da transversalidade da cultura para o bem-estar da
diplomacia cultural entre os moçambicanos, tomando em conta a
multiculturalidade do país.
Num outro desenvolvimento,
Carlos Sotomane, moderador desta sessão, ressalvou o facto de o conceito de soft-power constituir uma abordagem
positiva no domínio da diplomacia cultural, uma vez que facilita os processos
de diálogo a vários níveis do exercício do poder (económico, político,
bilateral, multilateral e multissectorial). Esta lógica permite reduzir as
zonas hegemónicas entre os povos, independentemente da sua posição no contexto
global.
Um exemplo que nos remete à
ideia de soft-power é o tipo de
diálogo que se estabelece entre as populações das regiões fronteiriças, nas
quais, o moderador referiu-se a elas do seguinte modo: “Nas fronteiras
pratica-se esta diplomacia, embora não tenha formalismos. Quando as
atravessamos criam-se harmonias de modo a que não se viole as culturas de parte
à parte” concluiu Carlos Sotomane.
Importa referir que a presente
edição das Tertúlias Itinerantes decorrem sob o lema “Fluxos de comunicação
intercultural no espaço de língua portuguesa: debater o desconhecimento mútuo
no contexto da era global”.
Esta iniciativa académica é
coordenada por Sara Laísse, da Universidade Politécnica, Eduardo Lichuge, da
Universidade Eduardo Mondlane, e Lurdes Macedo, da Universidade Lusófona, de
Portugal.
A próxima sessão terá lugar a
23 de Outubro, na Escola Portuguesa de Maputo, seguida de outras duas a terem
lugar no mês de Novembro, uma a 27 desse mês, na Universidade Politécnica e a
outra, no Centro Cultural Português, em data a anunciar. In “Olá
Moçambique” - Moçambique
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