SÃO PAULO – Dados que constam de
estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que a
produtividade do trabalho na indústria em 2017 ficou 2,3% superior à média dos
principais parceiros comerciais do País em relação a 2016, reforçando uma
tendência observada desde 2015. Entre os parceiros comerciais estão Estados
Unidos, Argentina, Alemanha, México, Japão, França, Itália, Coreia do Sul,
Países Baixos e Reino Unido.
Isso demonstra em números que a
situação econômica do Brasil, apesar da turbulência ocasionada por um período
de eleições extremamente marcado por posições radicais, não é tão ruim como
anunciam os pregoeiros do caos. Basta ver que, como indica o citado estudo que,
entre 2016 e 2017, a produtividade do trabalho na indústria de transformação
brasileira cresceu 4,3% e só não foi maior que a produtividade apresentada pela
Coreia do Sul, que cresceu 5,8%.
Já os Países Baixos apresentaram
desempenho semelhante ao do Brasil, com um aumento de 4,2% da produtividade.
Depois, aparecem Argentina, com 3,8%, e Japão, com 3,3%. É de se lembrar que a produtividade
do trabalho é medida como o volume produzido dividido pelas horas trabalhadas
na produção. Nos últimos cinco anos (2012-2017), a produtividade do trabalho na
indústria de transformação brasileira mostrou recuperação e acumulou aumento de
9,1%. O Brasil registrou os mesmos números que Coreia do Sul.
É claro que não se pode, a partir
desta constatação, concluir que o País segue em águas tranquilas rumo ao seu
futuro grandioso e que nada se deve mais fazer. Pelo contrário. É preciso
avançar, até porque a competitividade da indústria continua a ser um importante
desafio para a economia brasileira, pois só com preços competitivos será
possível aumentar os números da exportação. Para tanto, é preciso também que se
aumente a qualidade da educação no País, a fim de se formar operários e
dirigentes mais capacitados, além de se investir em ciência e tecnologia.
Obviamente, a competitividade da
indústria para aumentar precisa também de investimentos em infraestrutura
logística, com a ampliação e conservação das malhas rodoviária, ferroviária e
hidroviária e de portos e aeroportos. Só assim será possível competir com os
preços exibidos por produtos asiáticos e outros competidores não só no mercado
externo como no interno.
Não se pode deixar também de assinalar
que esses dados compilados para o estudo da CNI foram obtidos num período que
foi marcado pela paralisação no transporte de carga rodoviária que se deu no
mês de maio de 2018, como reflexo da greve dos caminhoneiros, ocorrência, de
certo modo, inusitada na história do País. De fato, a tendência de alta na
indústria de transformação brasileira retrocedeu no segundo trimestre do ano,
com a produtividade caindo 3,4% em comparação com o mesmo período de 2017,
interrompendo uma tendência de alta registrada desde o segundo trimestre de
2016.
Seja como for, a previsão para os próximos
meses é que o indicador de produtividade volte a refletir o aumento da
eficiência, o que significa que, apesar da crise econômica, as empresas têm se
mostrado eficientes, reduzindo custos, sem fazer cortes drásticos na
mão-de-obra, que se tem mostrado competente. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e
diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br.
Site: www.fiorde.com.br
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