Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Macau – O futuro da língua portuguesa



O presidente do IPIM diz que a língua portuguesa “não vai desaparecer de um dia para o outro” na cidade, mesmo após o final do período de transição, em 2049. Já Glória Batalha revelou que o novo complexo do Fórum Macau vai ser inaugurado a 20 de Dezembro de 2019, 20º aniversário da RAEM.

“Depois de 50 anos o português já não vai ser língua oficial. Isso vai ter impacto nas nossas perspectivas de carreira?”. A pergunta de uma estudante do primeiro ano de Direito surgiu ontem numa conversa realizada na Universidade de Macau (UMAC) entre jovens locais e o presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). Jackson Chang respondeu que “não há essa preocupação” quanto ao futuro do português após o final do período de transição, em 2049. “Não acredito que a vantagem da língua portuguesa vá desaparecer de um dia para o outro em Macau”, sublinhou o governante.

A sessão era dedicada ao “Desenvolvimento e Oportunidades da Plataforma Sino-Lusófona” e atraiu uma plateia composta sobretudo por estudantes chineses de Direito ou de Estudos Portugueses, incluindo alguns vindos da China continental. O interior da China tem já 38 universidades a ensinar a língua portuguesa, o que levou um estudante de Estudos Portugueses na UMAC a questionar se Macau não corria o risco de perder a sua vantagem competitiva. “A longo prazo, podemos sobreviver?”, perguntou o aluno.

Jackson Chang admitiu que “há outras cidades chinesas que querem ter um papel de plataforma, mas não é fácil”. Apesar do recente desenvolvimento do país, “não há ainda na China muitas pessoas que dominem línguas estrangeiras, enquanto em Macau o português é língua oficial”, sublinhou o presidente do IPIM. O papel da cidade como plataforma “está cada vez mais consolidado” e o conhecimento da língua português é “muito importante”, disse o governante.

Ainda assim, Chang admitiu que é necessário “reforçar” as acções para sensibilizar “as pessoas, os estudantes de Macau” para as oportunidades de carreira que existem para talentos bilingues, algo que o IPIM promete fazer. O Governo Central tem demonstrado um grande interesse em que o português continue presente em Macau, sublinhou o dirigente. “Vamos continuar a promover a língua portuguesa”, assegurou Chang.

A tempo do aniversário

Uma das medidas anunciadas pelo Governo Central em 2016 para apoiar Macau como plataforma sino-lusófona foi a construção do Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. O edifício, que vai nascer em dois lotes de terreno com 14 mil metros quadrados junto à Assembleia Legislativa, vai estar concluído no próximo ano e a inauguração está já marcada para 20 de Dezembro de 2019, dia que marca o 20º aniversário da transferência de soberania. A garantia foi deixada durante a sessão por Glória Batalha Ung, vogal executiva do IPIM e secretária-geral adjunta do Fórum de Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, conhecido por Fórum Macau.

A construção, que está a cargo da Companhia de Construção e Engenharia Omas – empresa pertencente à poderosa família Ma –, arrancou há cerca de um ano e vai custar 692,8 milhões de patacas. O complexo vai incluir um centro de exposições, um centro de serviços para empresas, um centro de informações, um pavilhão de exposições e um centro de formação.

Em Agosto do ano passado a Rádio Macau avançou que a obra deveria estar concluída a tempo de receber a sexta conferência ministerial do Fórum Macau, prevista para o final de 2019. Mas, em Julho passado, o portal noticioso Macau Hub referiu, citando fontes diplomáticas não identificadas, que a reunião tinha sido adiada para 2020, sobretudo devido ao facto do mandato do actual Chefe do Executivo, Chui Sai On, terminar precisamente a 20 de Dezembro de 2019. Vítor Quintã – Macau in “Ponto Final”

pontofinalmacau@gmail.com

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