O presidente do IPIM diz que a
língua portuguesa “não vai desaparecer de um dia para o outro” na cidade, mesmo
após o final do período de transição, em 2049. Já Glória Batalha revelou que o
novo complexo do Fórum Macau vai ser inaugurado a 20 de Dezembro de 2019, 20º
aniversário da RAEM.
“Depois de 50 anos o português
já não vai ser língua oficial. Isso vai ter impacto nas nossas perspectivas de
carreira?”. A pergunta de uma estudante do primeiro ano de Direito surgiu ontem
numa conversa realizada na Universidade de Macau (UMAC) entre jovens locais e o
presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau
(IPIM). Jackson Chang respondeu que “não há essa preocupação” quanto ao futuro
do português após o final do período de transição, em 2049. “Não acredito que a
vantagem da língua portuguesa vá desaparecer de um dia para o outro em Macau”,
sublinhou o governante.
A sessão era dedicada ao
“Desenvolvimento e Oportunidades da Plataforma Sino-Lusófona” e atraiu uma
plateia composta sobretudo por estudantes chineses de Direito ou de Estudos
Portugueses, incluindo alguns vindos da China continental. O interior da China
tem já 38 universidades a ensinar a língua portuguesa, o que levou um estudante
de Estudos Portugueses na UMAC a questionar se Macau não corria o risco de
perder a sua vantagem competitiva. “A longo prazo, podemos sobreviver?”,
perguntou o aluno.
Jackson Chang admitiu que “há
outras cidades chinesas que querem ter um papel de plataforma, mas não é
fácil”. Apesar do recente desenvolvimento do país, “não há ainda na China
muitas pessoas que dominem línguas estrangeiras, enquanto em Macau o português
é língua oficial”, sublinhou o presidente do IPIM. O papel da cidade como
plataforma “está cada vez mais consolidado” e o conhecimento da língua
português é “muito importante”, disse o governante.
Ainda assim, Chang admitiu que
é necessário “reforçar” as acções para sensibilizar “as pessoas, os estudantes
de Macau” para as oportunidades de carreira que existem para talentos
bilingues, algo que o IPIM promete fazer. O Governo Central tem demonstrado um
grande interesse em que o português continue presente em Macau, sublinhou o
dirigente. “Vamos continuar a promover a língua portuguesa”, assegurou Chang.
A
tempo do aniversário
Uma das medidas anunciadas
pelo Governo Central em 2016 para apoiar Macau como plataforma sino-lusófona
foi a construção do Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação
Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. O edifício, que vai
nascer em dois lotes de terreno com 14 mil metros quadrados junto à Assembleia
Legislativa, vai estar concluído no próximo ano e a inauguração está já marcada
para 20 de Dezembro de 2019, dia que marca o 20º aniversário da transferência
de soberania. A garantia foi deixada durante a sessão por Glória Batalha Ung,
vogal executiva do IPIM e secretária-geral adjunta do Fórum de Cooperação
Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, conhecido por Fórum
Macau.
A construção, que está a cargo
da Companhia de Construção e Engenharia Omas – empresa pertencente à poderosa
família Ma –, arrancou há cerca de um ano e vai custar 692,8 milhões de
patacas. O complexo vai incluir um centro de exposições, um centro de serviços
para empresas, um centro de informações, um pavilhão de exposições e um centro
de formação.
Em Agosto do ano passado a
Rádio Macau avançou que a obra deveria estar concluída a tempo de receber a
sexta conferência ministerial do Fórum Macau, prevista para o final de 2019.
Mas, em Julho passado, o portal noticioso Macau Hub referiu, citando fontes
diplomáticas não identificadas, que a reunião tinha sido adiada para 2020,
sobretudo devido ao facto do mandato do actual Chefe do Executivo, Chui Sai On,
terminar precisamente a 20 de Dezembro de 2019. Vítor
Quintã – Macau in “Ponto Final”
pontofinalmacau@gmail.com
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