Timor-Leste é um país “viciado
pelo petróleo”, cujo potencial “não está a ser estimulado, desenvolvido,
trabalhado”, importando quase tudo o que consome e sem políticas públicas geradoras
de emprego, disse o Presidente timorense.
“Estamos a importar quase
tudo. Temos um desemprego considerável e até agora uma teimosa incapacidade de
políticas públicas geradoras de emprego”, afirmou, em Díli, Francisco Guterres
Lu-Olo. Na análise da situação actual, o Presidente timorense repetiu uma
mensagem antiga, de que “a economia está excessivamente dependente das receitas
petrolíferas”. “O êxodo rural é um problema sério que desde já tem implicações
negativas no nosso país. O reforço do sector privado, um verdadeiro imperativo
na esfera económica”, afirmou num discurso perante os principais empresários do
país.
Francisco Guterres Lu-Olo
falava na abertura do 3.º Congresso Nacional da Câmara de Comércio e Indústria
de Timor-Leste (CCI-TL), numa altura em que o país atravessa uma grave crise
económica, provocada por mais de um ano de tensão política, ainda não
totalmente resolvida. O encontro conta com a presença de vários dos principais
empresários timorenses e representantes de associações, cooperativas e
entidades dos 12 municípios e da Região Administrativa Especial de
Oecusse-Ambeno (RAEOA).
Sob o tema “Por um Sector
Privado Mais Criativo, Produtivo e Sustentável”, esta reunião marca uma vontade
de reforço da capacidade organizativa e de capacitação empresarial nacional
para responder aos desafios nacionais, considerou. “O sector privado tem um
papel importante no desenvolvimento de qualquer economia. O Estado não pode
deter o monopólio de potenciar a actividade económica do país, ou seja, não
pode dinamizar a economia do país, detendo competência exclusiva”, disse
Lu-Olo.
O Chefe de Estado lembrou que
quase 90% do orçamento é financiado através do Fundo Petrolífero de onde, desde
a sua criação em 2005 e até 2017, “foram levantados mais de 9,6 mil milhões de
dólares”, com as receitas domésticas não petrolíferas a representarem pouco
mais de 7% do Produto Interno Bruto (PIB). “Um dos principais desafios da
economia de Timor-Leste é o enorme desequilíbrio da sua balança comercial
devido a importações muito grandes que não são compensadas por exportações
significativas”, afirmou.
No ano passado, as importações
de bens e serviços corresponderam a 58% do produto interno bruto
não-petrolífero, com um défice comercial anual de mais de 900 milhões de
dólares americanos, referiu. Lu-Olo insistiu que é urgente fortalecer outros
sectores da economia, com destaque para a agricultura e pescas, o que ajudaria
igualmente a combater a subnutrição no país e a fortalecer o emprego.
“O desemprego é um dos
problemas mais graves da nossa sociedade actual. Apesar do sector privado
timorense contribuir com mais de 60 mil empregos, ainda não é suficiente para
acomodar os mais de 15 mil jovens que anualmente entram no mercado de
trabalho”, alertou. Aos empresários, o Chefe de Estado sublinhou que “o sector
privado nacional ainda é muito fraco” e exige esforços de capacitação,
comprometendo-se a articular com o Governo para ajudar “a dotar de meios e de
recursos o sector privado nacional” na fase actual de arranque. In “Ponto
Final” – Macau com “Lusa”
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