SÃO PAULO – Documento apresentado pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao novo presidente da República, ainda
à época da campanha eleitoral, reafirma a importância de o futuro governo
continuar buscando acordos que sejam estratégicos para o setor industrial, como
as negociações com a União Europeia e o México. A essas prioridades deve-se
também acrescentar a necessidade de que o novo governo reafirme tudo o que
ficou acertado nas recentes negociações com o Chile para a assinatura de um
acordo de livre-comércio, que tiveram início em abril deste ano de 2018.
Com a assinatura desse acordo
prevista para breve, ainda dentro do mandato do atual governante, o País deixará
para trás o processo de isolamento político e comercial que marcou o longo
período sob a visão estreita do lulopetismo, mas que, a rigor, vem desde 1991,
quando o Brasil se tornou membro do Mercosul. Desde então, o País só assinou
três acordos de livre-comércio, ou seja, com Israel, Palestina e Egito, mas
desses apenas o primeiro ainda está em vigor. Tudo isso num período em que
houve no mundo uma explosão de acordos bilaterais e regionais.
Na América Latina, os acordos também
proliferaram. Basta ver que Peru e Colômbia selaram 12 e 11 acordos de
livre-comércio, respectivamente, incluindo Estados Unidos e União Europeia. Já
o Chile abriu o seu mercado para 21 países, enquanto o México assinou 13
acordos. Mas, com a presença de governos de orientação populista e
terceiro-mundista tanto no Brasil como na Argentina e no Uruguai, aqueles
países encontraram dificuldades para acertar um tratado de larga abrangência
com o Mercosul. Aliás, para o Chile,
assumir a condição de membro pleno do Mercosul sempre constituiu um processo
difícil porque esse passo representaria um retrocesso, porque o país andino
sempre esteve mais avançado nas reformas e na abertura econômica.
Agora, o que se espera é que essa
fase venha a ser superada e, finalmente, o Mercosul possa acertar também um
acordo amplo com a Aliança do Pacífico, grupo criado em 2011 por Chile, Peru,
Colômbia e México, e com a Parceria Transpacífico (Trans-Pacific Partnership - TPP), que pode vir a se constituir uma
ponte entre a América Latina e os mercados asiáticos Como se sabe, dessa Parceria
Transpacífico faziam parte os Estados Unidos, que se retiraram em 2017. Como
resposta, os demais parceiros firmaram um amplo tratado comercial que reduziu
as tarifas alfandegárias e estabeleceu novas regras entre eles.
É indiscutível que hoje o Mercosul
pouco significa em escala mundial e o Brasil necessita, de maneira urgente,
abrir-se para o mundo, colocando fim em seu isolamento dos fluxos dinâmicos do
comércio internacional e das cadeias produtivas. Isso só será possível com a
assinatura de acordos de maior amplitude, que venham a permitir acesso à
inovação e às tecnologias, além de envolver mais as empresas multinacionais no
esforço para aumentar a capacidade exportadora do País.
Por fim, esse processo precisa vir
acompanhado da parte mais difícil, ou seja, a redução do chamado custo Brasil,
que é formado por carga tributária elevada, infraestrutura precária e excesso
de burocracia aduaneira e hoje responde por 30% do preço dos produtos
fabricados no País. Só assim os produtos nacionais poderão ser apresentados no
mercado externo a preços competitivos. Dessa forma, os manufaturados voltariam
a ter um peso significativo na pauta exportadora, que hoje é basicamente
dominada por commodities. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e
diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail:
fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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