Botânico
amador encontrou e fotografou canguru das árvores de Wondiwoi, numa floresta
remota da Nova Guiné
Andam empoleirados em ramos de
árvores mas não são macacos, antes marsupiais de braços fortes e garras longas
para subirem aos troncos, que os cientistas pensavam que já estariam extintos.
Até agora. Um botânico amador em busca de novas espécies de orquídeas na parte
indonésia da Nova Guiné acabou por encontrar e fotografar pela primeira vez um
canguru das árvores de Wondiwoi, espécie que não era vista há 90 anos e faz
mesmo parte da lista dos 25 mais procurados da
Global Wildlife Conservation.
Michael Smith, um naturalista
inglês de 47 anos, partiu para a Papua Oeste em julho para uma expedição ao
monte Wondiwoi, a uma floresta de bambu praticamente impenetrável a 1300 metros
de altitude. Foi aí que, à conta de golpes de catana, conseguiu furar a
vegetação e estabelecer um acampamento que lhe serviria de base de exploração
de plantas raras durante duas semanas. Mas o plano da viagem sofreu uma
alteração quando o botânico amador de Farnham, que trabalha para uma empresa de
comunicação médica, ouviu falar do animal que não era avistado desde 1928.
Espécie
faz parte da lista dos 25 mais procurados da Global Wildlife Conservation
E foi precisamente na última
meia hora do último dia no terreno que Smith e a sua equipa de mais seis
pessoas encontraram o animal de uma espécie que foi avistada pela primeira e
última vez em 1928, quando um destes cangurus foi abatido e enviado para o Museu
de História Natural de Londres por Ernst Mayr, um dos biólogos mais respeitados
da época.
"Não estava a conseguir
tirar a foto e só pensava 'tem calma, esta é uma espécie muito, muito rara,
pode mesmo ser o último animal da espécie'", conta Michael Smith ao The
Sun. "Senti-me como o capitão Ahab se ele tivesse fotos da Moby
Dick".
Apesar dos receios de que
tivesse apanhado apenas "um monte de folhas", o resultado final
acabou por ser bastante mais produtivo: numa das fotos, vê-se claramente o
canguru das árvores, que é bastante diferente dos seus primos australianos e é
descrito como uma espécie de cruzamento entre um urso e um macaco.
"A imagem é clara e
revela a sua cor distintiva", garante Tim Flannery, especialista da
Universidade de Melbourne que não fez parte da expedição mas que, depois de
consultado por Smith, adianta que existem poucas dúvidas de que este é um
canguru das árvores de Wondiwoi.
"Só
o facto de se mostrar que ainda existe é incrível"
Mas Michael Smith procurou
confirmação científica da sua descoberta com mais do que um especialista, o que
atrasou o anúncio do importante achado. "Este é um dos mamíferos mundiais
de que menos se conhece", afirma Mark Eldridge, especialista em marsupiais
do Museu Australiano, em Sidney. "Só o facto de se mostrar que ainda
existe é incrível. É um local tão remoto e de difícil acesso que não estou
certo que alguma vez o descobríssemos".
E terá sido precisamente essa
inacessibilidade que o preservou dos caçadores furtivos, que atacam outras
espécies de cangurus das árvores que habitam regiões com menor altitude. Quanto
a Michael Smith, já anunciou que quer regressar à selva da Nova Guiné com uma
equipa de conservacionistas e investigadores para saber mais sobre esta
espécie. Vilela Marques – Portugal in “Diário
de Notícias”
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