Veículo
está sendo desenvolvido pela startup brasileira Mobilis. Confira algumas
impressões sobre o modelo
Veículos elétricos estão
ganhando espaço na indústria automobilística - talvez não na velocidade que
deveriam, mas estão. Em meio ao crescimento da conscientização sobre os
impactos de veículos ao meio ambiente e a necessidade de pensarmos em opções
sustentáveis, carros elétricos demonstram grande potencial para reduzir a
poluição urbana, inclusive a poluição sonora que sufoca grandes centros
urbanos.
Estudo da consultoria
britânica Ricardo aponta que um carro comum, movido a gasolina, gera 24
toneladas de Dióxido de Carbono (CO2) durante seu ciclo de vida. O carro
elétrico, por sua vez, produz cerca de 18 toneladas, sendo 46% do impacto no
período da produção do carro e da bateria.
No Brasil, o mercado de
veículos elétricos ainda engatinha, mas começa a ensaiar passos mais largos. De
2016 para 2017, as vendas de carros elétricos e híbridos saltaram 202%. Segundo
estudo da FVG, o País tem potencial para vender 150 mil carros deste tipo por
ano, chegando a uma frota de 5 milhões até 2030. Globalmente, a frota de veículos
elétricos e híbridos superou 2 milhões em 2017 e a previsão é chegar a 140
milhões em 2030, o que representaria 10% da frota global.
A questão é que os
investimentos das grandes montadoras em veículos no Brasil ainda estão aquém do
potencial. Prova disso é que existem apenas 7 veículos elétricos e híbridos à
venda por aqui - e a preços longe de serem acessíveis para a maioria da
população. O mais barato deles é o Toyota Pirius, que custa cerca de R$ 126
mil. Os outros modelos são: Lexus CT200h, Ford Fusion Hybrid, BMW i3, BMW i8,
Porsche Cayenne Hybrid e Porsche Panamera Hybrid.
Startup
quer entrar no jogo
A Mobilis, startup catarinense
focada em desenvolvimento de veículos elétricos, quer surfar essa onda do
mercado e bater de frente com a indústria automobilística. A companhia está
desenvolvendo um modelo de carro elétrico compacto para uso urbano e tem planos
ambiciosos para o produto.
Denominado Li - inspirado nas
iniciais do Lithium, principal componente de baterias -, o veículo de passeio
terá autonomia para rodar até 100 km, com 1 hora e meia de carga de bateria, e
velocidade máxima de 100 km/h.
"Existe demanda, mas as
montadoras estão ainda maturando o modelo nos EUA e Europa. Vai demorar para
chegar ao Brasil. Trata-se de um veículo compacto, feito sob medida para uso
urbano", definiu Mahatma Marostica, cofundador da Mobilis, que cita a
facilidade de operação o baixo custo de manutenção como diferenciais do Li.
O veículo foi 100%
desenvolvido no Brasil, com uso do software de CAD Autodesk Fusion 360 para
desenho das peças.
Segundo Marostica, o dono do
Li gastará em média R$ 5 para rodar 100 km, ou seja, 5 centavos por km - valor
sete a oito vezes mais barato do que um carro comum. "Seria uma economia
de cerca de R$ 12 mil ao ano", calcula.
Na teoria, os números animam,
mas a Mobilis tem ainda muita estrada para percorrer até chegar ao modelo ideal
aprovado para venda.
Protótipo
A empresa estima que a versão
homologada para rodar nas ruas estará pronta no segundo semestre de 2019 e
custaria aproximadamente R$ 65,9 mil.
Mas, antes disso, a companhia
criou um protótipo, que acabou virando outro produto. A versão
"beta", que não conta com itens como portas, ABS e airbag (todos
requisitos obrigatórios para obter a aprovação para ser usado nas ruas), tem
sido chamada de veículo de vizinhança.
O modelo é voltado a
transportes em ambientes internos, como resorts ou até mesmo poderia funcionar
como carrinho de golfe. O valor deste modelo, que já tem sete modelos vendidos
(dois entregues e cinco em produção) é de R$ 55 mil.
A Computerworld Brasil foi
convidada pela Mobilis para testar o veículo de vizinhança. Durante uma rápida
volta no Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (CELTA), em
Florianópolis (SC), foi possível notar a facilidade para dirigir - um dos
principais focos da companhia. O veículo é automático e basta clicar num painel
- em uma seta para frente ou para trás - para ativar o veículo. Feito isso,
basta utilizar os dois pedais para acelerar ou frear.
Este modelo tem velocidade
média de 60 km/h - não chegamos a esta velocidade por conta da movimentação do
local em que testamos -, mas o veículo demonstra potência suficiente para isso.
Por outro lado, a suspensão parece ainda longe do ideal para ser utilizada nas
ruas (considerando que este modelo serve como base para a versão que será
homologada para as ruas). Mas, para uso interna, conforto e dirigibilidade são
suficientes.
Em termos gerais, considerando
o tempo de desenvolvimento (aproximadamente dois anos), é possível ver o
potencial do projeto - levando em conta também que foram investidos apenas R$
400 mil até o momento.
Conectado
A Mobilis aposta na mudança do
comportamento das pessoas com relação ao uso do carro: deixando o conceito de
posse para uso como serviço. Isso porque o veículo está sendo desenvolvido com
sistemas de internet das coisas (IoT), que permitem que diversas camadas de
aplicativos sejam integradas. A ideia ambiciosa, segundo Marostica, é que o
carro possa funcionar como uma espécie de marketplace para que outras empresas
desenvolvam aplicativos complementares.
O fato de estar conectado traz
impactos diretos em redução de custos de manutenção. Segundo o empreendedor, o
sistema funciona de forma preditiva, indicando ao motorista quando é preciso
fazer determinada manutenção, por exemplo. "É diferente do modelo
tradicional de montadoras, em que o carro é levado de 10 mil em 10 mil km para
revisões. Cada uso é diferente, portanto o desgaste também será."
Franquias
Outra ideia que vai de
encontro às estratégias de grandes montadoras está no modelo de produção e
venda. A ideia da Mobilis é espalhar espécies de franquias em pontos
estratégicos do Brasil, que funcionarão como micro-fábricas e lojas. Como a
fabricação é simples, com apenas 120 conjuntos de peças, não é necessário o
investimento em grandes fábricas. "Em vez de expandir nossa fábrica em
Palhoça (SC), queremos espalhar pequenas fábricas e apostar no modelo de
parceiros", completou.
Para a Mobilis, o break even
point - índice que mostra que a organização atingiu o equilíbrio financeiro - é
na venda de cinco ou seis veículos por mês. Difícil prever se chegarão lá ou
não, mas se depender do entusiasmo da equipe, a meta é logo ali. Guilherme Borini – Brasil in “Computerworld
Brasil”
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