SÃO PAULO – Embora
seja o maior da América Latina e o 42º no ranking
mundial divulgado há poucos dias pelo Lloyd´s
List Maritime Intelligence, de Londres, o porto de Santos está longe de ser
considerado um exemplo de modernidade. Pelo contrário. O seu futuro pode até estar
comprometido, já que, por razões naturais, não está instalado em região de
águas profundas que seria propícia para receber os megacargueiros que deverão
dominar os mares.
Mas esse é um
cenário que se projeta para décadas. Por enquanto, o porto de Santos cumpre, de
maneira eficaz, o seu papel, movimentando cerca de 120 milhões de toneladas por
ano e 27,7% do comércio exterior brasileiro, recebendo navios de até 10.500
TEUs (twenty foot equivalent unit/contêiner
de 20 pés), que nunca saem totalmente carregados porque a profundidade do canal
não passa de 11,2 metros.
Não fosse a
estultice que tem marcado a ação da maioria dos nossos administradores públicos
– provavelmente, porque ocupam cargos por indicação política e não por méritos profissionais
–, o porto de Santos poderia estar mais bem situado no ranking do Lloyd´s, mais
próximo dos dez primeiros: Shangai (China), Singapura, Shenzen (China),
Ningbo-Zhoushan (China), Busan (Coréia do Sul), Hong Kong (China), Guangzhou
(China), Qingdao (China), Dubai (Emirados Árabes Unidos) e Tianjin (China).
Basta ver que
foram gastos nos últimos tempos cerca de R$ 200 milhões para elevar o calado do
porto para 15 metros, mas, por razões que os especialistas deveriam saber de
antemão, a profundidade mal chegou a 12,4 metros e, provavelmente, hoje, talvez
já tenha retornado aos 11,2 metros. Quer dizer, gastou-se uma fortuna para
fazer um trabalho equivalente a encher um saco sem fundo.
Quando esse
episódio é contado em seminários na Europa sempre suscita risos de mofa, a
exemplo daquele mais conhecido que pouco dignifica a engenharia nacional, ou
seja, o da construção da rodovia dos Imigrantes a partir de 1974. Como o porto
desde o século XVIII sempre dependeu da transposição da Serra do Mar,
imaginava-se que a Imigrantes iria atender à crescente movimentação de carretas
em direção ao cais. Mas só depois de construída a rodovia é que se “descobriu”
que a declividade de 6% de sua pista descendente não permitiria a descida de
veículos pesados. Diante disso, caminhões continuam a descer para o porto pela
ultrapassada Via Anchieta, construída nos anos de 1940, formando filas
quilométricas numa área cercada por bolsões de pobreza.
O que se espera
agora é que o governo do Estado invista na construção de uma nova pista para a rodovia
dos Imigrantes, mas com declive próprio para veículos pesados. E que,
finalmente, saia do papel a projetada rodovia entre o Planalto e Peruíbe, no
Litoral Sul, que viria aliviar o tráfego no Sistema Anchieta-Imigrantes. Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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