Investigadores
das Universidades de Oregon e Princeton, nos Estados Unidos, estudaram a
possibilidade dos oceanos suportarem a aquacultura, mesmo em situações de
alteração climática
Um estudo recente de
investigadores dos Estados Unidos concluiu que o alto mar (os oceanos, em
geral) pode ser a opção mais viável para a expansão da aquacultura,
fundamentando a tese na avaliação de três espécies – o salmão, a cobia
(pelágicos solitários que se reúnem para a desova anual) e a dourada –, perante
cenários de alterações climáticas, refere o Maritime Executive.
As operações terrestres, em
baías e em estuários têm um potencial de expansão limitado devido à falta de
disponibilidade de água ou espaço. As operações de aquacultura no oceano
aberto, apesar do nome, situam-se geralmente suficientemente próximas para
permitirem a comercialização e a redução de custos, ao mesmo tempo que dispõem
de água limpa e espaço.
“A aquacultura no oceano
aberto é ainda uma indústria recente e não regulamentada que, por isso, não é
necessariamente ambientalmente correcta; contudo a aquacultura também é o
sector da alimentação com o mais rápido crescimento a nível global”, refere
James Watson, um cientista ambiental da Universidade de Oregon e co-autor do
estudo.
Neste estudo, os
investigadores estudaram o salmão, que cresce mais depressa nas águas polares,
a dourada, mais encontrada nas águas temperadas e subtropicais, e a cobia, mais
encontrada em águas sub-tropicais e tropicais. Em aquacultura de mar alto,
estas espécies sobreviveriam através de técnicas de adaptação – incluindo
reprodução seleccionada.
“Descobrimos que as três
espécies se afastariam dos trópicos, que muitos dizem irá aquecer mais do que
outras regiões”, referiu Dane Klinger, ex-pesquisador da Universidade de
Princeton e principal autor do estudo. “A produção de salmão do Atlântico, por
exemplo, poderia expandir-se para as latitudes mais altas, e embora possa ter
dificuldades, as técnicas de adaptação podem compensar essas dificuldades; além
disso, na maioria das áreas onde estas espécies são actualmente cultivadas,
vão, provavelmente, aumentar as taxas de crescimento, à medida que as
temperaturas aumentam”. No entanto, a aquacultura no oceano aberto não é
desprovida de risco, reconhecem os pesquisadores. A recente fuga do salmão do
Atlântico cultivado no Puget Sound de Washington alarmou os gestores das
pescas, pois as espécies e populações introduzidas podem introduzir doenças nas
espécies nativas.
Fonte primária de proteínas em
todo o mundo, a aquacultura já representa mais de metade de todo o pescado para
consumo humano, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura (FAO, no acrónimo em inglês). Além disso, importa perceber que no
final do século as temperaturas da água do mar podem vir a aumentar entre 2º e
4 ºC, de acordo com as previsões do Painel Inter-governamental sobre as
Alterações Climáticas (IPCC). Razão pela qual muitos investigadores perguntam
quais seriam as consequências para peixes e mariscos com alto valor comercial.
Também em Tavira se estuda
esta questão, através das ostras. Os biólogos marinhos querem perceber como é
que o aumento dos níveis de temperatura, salinidade e acidez na água podem
afectar a fisiologia das ostras. Um projecto de investigação europeu que
pretende perceber como é que as alterações climáticas vão influenciar os peixes
e mariscos de toda a Europa e como é que a indústria se pode adaptar, segundo
refere a Euronews. In “Jornal da Economia do Mar” - Portugal
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