Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Macau - Luanda e Guangdong juntas na criação de novo parque empresarial

Angola chega à 22.ª Feira Internacional de Macau (MIF) sem que esteja combinada a celebração de acordos ou protocolos. Entre as províncias de Luanda e de Guangdong já há, contudo, projectos em curso, nomeadamente a criação de um parque empresarial, o Luanda-Guangdong Business Park, que contará, no seu arranque, com mais de duas dezenas empresas.



A província de Luanda vai acolher um novo parque empresarial, o Luanda-Guangdong Business Park, com cerca de dois mil hectares, que vai contar, numa fase inicial, com mais de vinte empresas criadas em parceria entre as duas províncias. A notícia foi avançada pelo presidente da Confederação Empresarial de Angola, Francisco Viana, que deu conta da existência de protocolos de cooperação entre Luanda e Guangdong, ainda em preparação, e da geminação de cidades dos dois territórios. O representante dos empresários angolanos assinalou, contudo, a necessidade de se criar em Angola um melhor ambiente de negócios, nomeadamente com a criação de maiores facilidades na concessão de vistos para investidores estrangeiros. A ausência de acordos assinados entre os dois países, no âmbito da 22.ª Feira Internacional de Macau (MIF), explica-se, diz Francisco Viana, com a fase de mudança que Angola atravessa, devido à eleição recente do novo Presidente da República, João Lourenço.

“Estão a ser preparados protocolos para virem a ser firmados entre a província de Guangdong e a província de Luanda. É um processo que começou com o general Higino Carneiro, ex-governador, e que procura não só organizar uma cooperação entre as províncias, mas também geminar várias cidades da província de Cantão com cidades da província de Luanda”, explicou ontem à imprensa Francisco Viana. Se os protocolos ainda não se efectivaram, há já projectos que estão a avançar no terreno, adiantou o presidente da Confederação Empresarial de Angola, que falou à margem do Fórum para o Comércio e o Investimento entre Angola, Província de Guangdong e Macau, no âmbito da 22ª MIF: “A ideia é aproximarmos mais os empresários, criamos neste momento condições para que seja instalado um parque empresarial, o Luanda-Guangdong Business Park, que vai ter uma extensão de cerca de dois mil hectares, em princípio será na zona económica especial de Luanda”.

Mas não só. Também a vertente agrícola está a ser considerada: “Por outro lado, temos um outro pacote de uma área de 150 mil hectares, para desenvolvermos, é como se fosse um género de um condomínio de agro-negócios, de fazendas, para lançar o agro-negócio. É uma experiência-piloto que estamos a desenvolver. Temos o apoio claro, quer dos governos centrais, das nossas embaixadas. Agora a parte mais difícil é fazer da teoria prática”, adianta Francisco Viana. E onde reside a dificuldade? “Primeiro porque Angola ainda está na sua fase de mudança. Acabamos de eleger um novo Presidente. E como há muita coisa que ainda é preciso corrigir, vamos ter um longo trabalho, nomeadamente para criar um melhor ambiente de negócios, facilitar a questão dos vistos, a protecção do investimento”. O empresário fala mesmo em mudança de mentalidade: “E sobretudo criarmos uma mentalidade um bocadinho mais pró-activa, mais pró-produtiva, para que a gente possa entender que a nossa economia só irá crescer se produzirmos muito, mas também só irá crescer se produzirmos de uma forma competitiva. Então há todo esse desafio que passa também pela formação de recursos humanos, que passa também por termos instrumentos financeiros de apoio ao empresariado”, defende.

Francisco Viana faz inclusive referência aos programas de apoio concedidos na União Europeia, que permitiram a presença na MIF de mais de uma centena de empresas portuguesas: “Os nossos empresários vieram com os seus próprios pés. Quando saímos de Luanda nem sequer conseguimos fazer os cambiais, e portanto estamos num patamar realmente difícil”.

O empresário aponta ainda uma crítica à lei angolana do investimento privado: “E a própria lei do investimento, nós acreditamos que a concorrência não se faz criando barreiras, mas formando competências. Entendemos que essa lei, nalguns aspectos, não é justa, porque protege demasiado os angolanos, o que depois os vai tornar incompetentes”.

E qual a calendarização para o arranque dos projectos já em curso? “Nós já estamos a trabalhar, a zona económica especial já está totalmente infra-estruturada, já temos uma proposta de arranque para mais de 20 empresas, portanto vamos já dar sequência a essa visita técnica para identificar as questões. O nosso presidente da Câmara de Viana, o que nós chamamos em Angola o administrador, em parceria com a nossa confederação empresarial, vamos abrir nos escritórios do município o ‘guichet’ de apoio ao investidor nacional e estrangeiro, já estamos a trabalhar”. O presidente da confederação angolana referiu ainda o projecto de criação de uma fábrica de cerâmica: “Nós estamos com o projecto de fazer uma fábrica de cerâmica, até a própria cidade da cerâmica, é um processo muito complexo”, assumiu.

E a ausência da assinatura de protocolos e acordos entre a China e Angola, no âmbito da MIF a que se deve, tendo em conta que é Angola o país convidado? “O problema é que nós acabamos de mudar de Presidente. Foram nomeados novos governadores, novos ministros, ainda nem sequer foi aprovado o Orçamento do Estado. E depois esse tipo de protocolos tem que passar necessariamente pelas Relações Exteriores e pelo visto dos respectivos Chefes de Estado. Mas é uma questão de tempo, os protocolos vão ser assinados”, garantiu Francisco Viana. Sílvia Gonçalves – Macau in “Ponto Final”

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