SÃO PAULO – Depois
do fracasso nas negociações para a formação da Área de Livre Comércio das
Américas (Alca) em 2004, para o qual contribuíram decisivamente os governos de
Brasil e Argentina na época, o Mercosul continua mergulhado no isolacionismo
que tem marcado a sua atuação desde a assinatura do Tratado de Assunção, em
1991, que assinalou a sua fundação. Tanto que, 26 anos depois, o bloco só
conseguiu assinar tratados mais amplos com economias pouco representativas,
como Israel e Egito.
Agora, além do esperado
desfecho para as conversações com a União Europeia (UE) que se arrastam desde
1999, o Mercosul, que representa 250 milhões de pessoas, prepara-se para firmar
acordos com duas economias bastante poderosas, que poderão significar a
redenção das nações combalidas que formam o bloco.
O primeiro dos
acordos que se prevê, pois as negociações estão em estágio avançado, é com a
Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), formada por Brunei, Camboja,
Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Miamar, Singapura, Tailândia e Vietnã.
Para se ter ideia da importância desse bloco, basta lembrar que representa 9%
da população mundial, reunindo 650 milhões de pessoas. Mais: é responsável por
7% das exportações e 6% das importações mundiais.
A Asean, segundo
maior parceiro comercial do Brasil na Ásia, com fluxo de comércio bilateral
superior a US$ 16,5 bilhões, pode oferecer oportunidades de comércio,
investimentos, desenvolvimento de infraestrutura, transferência de tecnologia,
educação e turismo.
O outro acordo
previsto é com o Canadá, que dispõe de um mercado de compras governamentais avaliado
em US$ 246 bilhões, 57% maior do que o brasileiro. Já o Mercosul oferece
oportunidades nos setores aereoespacial, ciências biológicas, infraestrutura,
telecomunicações e tecnologia da informação, tecnologias limpas, mineração, petróleo
e gás. Embora a corrente de comércio entre Brasil e Canadá esteja abaixo do
potencial existente – US$ 4,2 bilhões em 2016 contra US$ 6,6 bilhões em 2011, o
maior patamar atingido até hoje –, há grandes chances de se intensificar essas
relações, já que o mercado canadense é o 10º maior importador do mundo, tendo
importado US$ 436 bilhões em 2015.
Obviamente,
esses acordos não representam alternativas para as negociações que se travam
com a UE e a Aliança do Pacífico (México, Peru, Chile e Colômbia), mas devem
ser buscados conjuntamente. As negociações com a UE, por enquanto, tropeçam em
discussões sobre subsídios agrícolas do bloco europeu e disputas sobre
barreiras tarifárias, além do acesso a produtos industrializados a determinados
mercados.
Tampouco se deve
descartar a possibilidade de reabertura de negociações para um acordo com os
EUA, tarefa em que o governo argentino parece mais empenhado. Seja como for,
não se pode deixar de reconhecer que a inclusão do Mercosul na economia mundial
passa pela assinatura de acordos com blocos ou nações mais representativas. Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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