O Governo da Madeira vai
reabrir ao público em janeiro do próximo ano, mediante entradas pagas, a Quinta
dos Jardins do Imperador, implantada na freguesia do Monte, no Funchal, que
estava abandonada e foi afetada pelos incêndios de agosto de 2016.
A secretária regional do
Ambiente e Recursos Naturais, Susana Prada, visitou na passada semana as obras
de recuperação da Quinta que estão a cargo do Instituto de Florestas e
Conservação da Natureza (IFCN). “As espécies invasoras tomaram conta do jardim
e o Governo Regional decidiu intervir no sentido de limpar e enriquecer as
coleções, nomeadamente com rosas”, disse a secretária regional, acrescentando
que o executivo pretende “dinamizar o espaço” e “torná-lo visitável à
população”. “Nós vamos abrir o Jardim a partir do início do próximo ano”,
revelou, com um preço de entrada “simbólico”.
Uma
quinta cheia de histórias
A Quinta situa-se no Sítio do
Pico, na freguesia do Monte, no concelho do Funchal e compreende um edifício
com capela, lago, parque e jardins e uma torre denominada Malakof, referência
do património edificado madeirense. É conhecida como Quinta dos Jardins do
Imperador numa alusão ao Imperador Carlos de Áustria, último Imperador da
Áustria-Hungria que ali viveu com a sua família, exilado entre 1921 e 1922,
acabando por ali falecer.
Foi mandada construir por
James Gordon no sítio do Pico, freguesia do Monte. É também conhecida por
Quinta Cossart, em virtude de nela ter vivido Leland Cossart, cidadão
britânico. A quinta foi ainda residência de outras figuras ilustres como, por
exemplo a artista plástica madeirense Lourdes de Castro.
Na emblemática torre Malakof
foi instalada uma cafetaria para dar apoio aos visitantes. “Esta torre de
inegável beleza, não só pela sua configuração arquitectónica mas, também, pelo
facto de permitir apreciar a romântica paisagem do Monte, encontra-se perto de
um jardim com o mesmo nome, constituído por uma pequena fonte e, ao seu redor,
uma vasta área composta por rosas das mais variadas cores”, lê-se no site na
internet da Câmara o Funchal.
A casa, rodeada por um imenso
jardim formalmente organizado com alegretes contornados a buxo, matas e
pomares, foi mandada construir no segundo quartel do século XIX por James
Webster Gordon, nascido em Londres, “e está cheia de histórias e de História”.
Em 1851 o novo proprietário, irmão de James Gordon, melhorou a propriedade.
Murou-a e construiu o jardim e a torre Malakoff. A torre é uma elegante
construção de planta circular de onde se avista uma soberba panorâmica. Tal
como o Jardim, é homenagem aos heróis da vitória de Sbastopol, castelo
recapturado pelas tropas anglo-franceses, em 1855, durante a guerra da Crimeia.
A quinta mudou frequentemente
de proprietário, o último foi o banqueiro Rocha Machado, que a adquiriu em 1899
e tornou-a conhecida em todo o mundo. Em 1901 os reis de Portugal, D. Carlos e
D. Amélia, foram ali homenageados com um “Garden Party” e, a 21 de Outubro de
1922, os aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral foram à quinta almoçar com
os seus proprietários.
Luís Rocha Machado, filho do
banqueiro com o mesmo nome, ofereceu a casa para residência temporária do
Imperador da Áustria, em 1921. Passou mais tarde por herança às filhas de Luiz
Rocha Machado, tendo uma delas, D. Helena Rocha Machado e Couto residido na
Quinta entre 1956 e 1975, altura em que a cedeu à pintora madeirense Lurdes de
Castro. O imóvel foi vendido ao governo na década de 80 do séc. XX.
O Governo Regional vai
instalar na Quinta o Museu do Romantismo e uma cafetaria de apoio aos
visitantes. In “Mundo Português” - Portugal
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