SÃO PAULO – Responsável por
27% da movimentação do comércio exterior brasileiro,o Porto de Santos, apesar
de todas as dificuldades apontadas em razão da pouca profundidade de seu canal
de navegação diante da perspectiva da presença de navios cada vez maiores nos
mares do planeta, ainda continua a ser o grande termômetro da economia
nacional, como reconheceu o ministro dos Portos, Edinho Araújo. Num período
marcado pela redução da atividade industrial e por incertezas econômicas, o
porto santista registrou recorde de movimentação de cargas no primeiro
trimestre de 2015, conforme levantamento divulgado pela Companhia Docas do
Estado de São Paulo (Codesp).
Esse recorde, porém, foi
impulsionado, em grande parte, pelo aumento das importações, que registraram a
operação de 8,1 milhões de toneladas, 7,2% a mais que no mesmo período de 2014
(7,6 milhões). As exportações também apresentaram crescimento no período de
3,8%, com a operação de 18,1milhões de toneladas contra 17,5 milhões em 2014.
Obviamente, o menor crescimento
das exportações reflete a redução da produção industrial em função da crise na
economia nacional. De fato, o primeiro trimestre constituiu um período difícil
para toda a indústria de transformação, que não produziu para exportação tanto
quanto sua capacidade instalada poderia permitir. Em função disso, também
importou menos insumos e matérias-primas, devido à forte desvalorização do real
frente ao dólar.
Seja como for, no balanço
divulgado pela Codesp, percebe-se que houve crescimento considerável no
desempenho da carga conteinerizada, com um crescimento de 10,3% no primeiro
trimestre. Foram movimentados 898,2 mil TEUs (unidade equivalente a um
contêiner de 20 pés), com crescimento de 10,3% em relação ao mesmo período do
ano anterior (814,1 mil TEUs). Isso mostra também que a infraestrutura
disponibilizada pelo porto tem atendido à demanda, permitindo excelentes
índices de produtividade.
É claro que, por alguns
anos, essa infraestrutura será capaz de resistir ao crescimento da demanda, mas
parece óbvio que já é tempo de as autoridades começarem a buscar alternativas
para a expansão do porto em águas profundas, ainda que dentro da baía de
Santos, já que essa tendência se afigura como inevitável, como se pode
constatar em vários complexos portuários do planeta.
Aprofundar o canal do
estuário além dos limites razoáveis poderá custar praticamente o equivalente ao
que exigirá a construção de uma plataforma off
shore, já que o trabalho de dragagem seria praticamente ininterrupto, com
riscos de desastres naturais incalculáveis. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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