O valor das reservas internacionais da China, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional) e excluindo ouro monetário, em dezembro de 2014 era de aproximadamente US$ 4,2 trilhões, resultado de superávits recorrentes em conta corrente. Como remunerar esses recursos no mercado interno chinês, uma vez que se verifica redução na taxa de crescimento econômico? Como remunerar esses recursos no mercado internacional que apresenta taxas de juros reais negativas? Segundo o economista Paulo Dutra Constantin, uma forma de remunerar este capital é emprestar para países que possuem problemas econômicos e que desejam se afastar da dependência dos Estados Unidos. Na América Latina, alguns países são: Venezuela, Equador, Argentina e Brasil. Estes países realizam acordos bilaterais com a China o que permite que os empréstimos sejam, teoricamente, mais flexíveis do que se acessassem os mercados financeiros internacionais. No entanto, essa flexibilidade pode ser apenas aparente, pois, além de, por exemplo, o Banco de Desenvolvimento da China apresentar exigências maiores do que as do Banco Mundial, o governo chinês pode impor a contratação de empresas chinesas para realização dos projetos financiados.
Para o especialista, os
acordos bilaterais assinados em 19 de maio de 2015 entre China e Brasil indicam
que o objetivo chinês é o de garantir o fornecimento de produtos primários a
custo baixo: para os alimentos foram assinados acordos redução das restrições à
exportação de carne bovina brasileira e acordos com governos estaduais do Mato
Grosso do Sul e do Maranhão; para os minerais foram realizados acordos e
programas de financiamento destinados a Petrobras e a Vale; e para garantir a
competitividade destes produtos, a China deverá realizar investimento em
infraestrutura, participando da construção da ferrovia transcontinental,
ligando a cidade de Campos dos Goytacazes ao porto de Ilo no Peru, reduzindo o
custo de logística dos produtos brasileiros.
Ele afirma que a conclusão é
que estamos preterindo os Estados Unidos, país com o qual temos a pauta de
exportação mais diversificada, com produtos de alto valor agregado e que está
retomando o crescimento a favor de aumentarmos nossa dependência com a China
para a qual exportamos, fundamentalmente, soja e minério de ferro e que está em
processo de redução da taxa de crescimento. “Estes fatos poderão produzir, num
futuro próximo aumento da instabilidade da economia brasileira”, conclui. Andrezza Queiroga – Brasil in “Guia
Marítimo”
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