“…muitos dos jovens da elite
angolana partilham diariamente no Instagram e no Facebook as suas sweet lives. Vemo-los a apanhar sol nas
piscinas azul turquesa, nos condomínios luandenses ou nos hotéis do Dubai, com
os pulsos e os dedos coroados de jóias. A sua vida é um livro aberto, sem
vergonha, sem complexos, sem kijila. Está tudo online. Fotografam as suas máquinas velozes e reluzentes, brindam
com os champanhes mais caros, viajam o mundo em primeira classe e frequentam os
clubes e discotecas mais exclusivos.
Nem todas essas fortunas são
heranças de família. Alguns desses jovens ainda não chegaram aos 30 e têm
salários de mais de 10 mil dólares por mês. Pergunto-me quanto é que os seus
pais ganhavam há 30 ou 40 anos atrás.
O obsceno desta ostentação não
é compreensível para muita gente. Nem vou questionar aqui a origem dessas
fortunas. Haverá quem, efectivamente, pense que devemos ter orgulho porque em
Angola também temos ricos (como se os ricos fossem património nacional e não
cidadãos comuns) e que as críticas não passam de lamentos invejosos e
hipócritas. “Haters gonna hate”.
De que serve tanta riqueza se
o mundo inteiro não puder ver? O problema é que não adianta de nada ter um
Ferrari se não tens estradas decentes para andar com ele. Não adianta teres uma
mansão se atravessando a rua encontras uma montanha de lixo que tresanda
doenças até à tua cozinha. Não adianta comprares a Avenida da Liberdade
inteira, pensando que com isso compras o respeito alheio. Não adianta teres
dinheiro para gastá-lo todo numa evacuação para a África do Sul, porque no teu
país não há hospitais e clínicas eficientes.
Se a balança não se equilibra
de uma vez, vamos continuar a ter um país sem estrutura, sem base, sem
fortaleza económica, sujeito a ir ao chão se os ventos internacionais soprarem
mais forte. Se a balança social não está equilibrada, as consequências chegam,
cedo ou tarde, a todos os escalões da sociedade.” Aline Frazão – Angola in “Rede Angola”
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