A zona portuária de Sines é
responsável por quase metade da fatia de negócios do setor e contribui
ativamente para o desenvolvimento da economia nacional. João Franco, presidente
do mais internacional porto do país, exerce funções de administração em diversas
empresas há mais de 28 anos e está à frente da APS desde 2013. Em entrevista à
Revista Business Portugal, fala sobre as razões do desenvolvimento do porto, a
expansão em curso, os investimentos e a inovação. Em destaque fica a posição de
um gestor convicto e que descreve um futuro com crescimento duradouro.
O porto de Sines conta com
cinco terminais especializados, cada um deles direcionado a cargas específicas.
O terminal de granéis líquidos movimenta 42,9 por cento do total das
mercadorias que passam pelo porto, importa matérias em bruto, envia-as por pipeline para a refinaria da Galp e
embarca os produtos refinados para abastecimento do país e para a exportação.
Já o terminal de contentores
recebe os maiores navios do mundo e movimenta 38,5 por cento do volume de
mercadorias, sendo 80 por cento transhipment
e os restantes 20 para o hinterland,
fundamentalmente por via férrea.
O terminal multipurpose é responsável pela
movimentação de 13,4 por cento do total de mercadorias, sendo que estas são
essencialmente carvão que é transportado para as centrais termoelétricas do
Pego e de Sines, por caminho de ferro e tapete rolante, respetivamente.
Já o terminal de gás
natural, embora quantitativamente menos relevante que os restantes terminais,
uma vez que é apenas responsável por 3,8 por cento da mercadoria, tem um
inegável interesse estratégico, uma vez que abastece cerca de 50 por cento do
consumo de gás natural do país por pipeline.
Finalmente, o terminal
petroquímico movimenta 1,4 por cento das mercadorias e tem um grande interesse
estratégico pois está ligado à unidade industrial da Repsol.
Os fatores da diferenciação
O porto de Sines é líder
absoluto na mercadoria movimentada por via marítima em Portugal e está entre os
20 maiores da Europa e os 100 maiores do mundo no segmento da carga
contentorizada, o que para João Franco “não significa ser melhor que outros
portos nacionais, apenas diferente; enquanto outros portos servem
essencialmente o mercado regional e, portanto, o hinterland das respetivas zonas, e são por isso também muito
importantes para a economia nacional, o porto de Sines tem 80 por cento da sua
atividade centrada no transhipment,
ou seja, grandes navios e rotas internacionais”, explica o gestor.
Entre os seus principais
fatores de competitividade destacam-se a localização geográfica, no cruzamento
das principais linhas de navegação leste/oeste e norte/sul, assim como os
equipamentos de última geração em todos os terminais, a inovação tecnológica,
com especial referência para a ‘Janela Única Logística’, uma plataforma digital
na qual todos os operadores privados envolvidos no despacho do navio introduzem
as informações necessárias e todas as autoridades intervenientes dão as
competentes autorizações, sem papel e com celeridade tal que, em média, dois
dias antes da chegada do navio toda a documentação está tratada, podendo assim,
o navio iniciar a operação no porto logo após a chegada. O facto de ter todos
os terminais em funcionamento 24 horas com flat
rate, ou seja, sem qualquer agravamento do custo da operação ainda que
efetuada de noite ou ao fim de semana ou feriado, é mais uma das
características que o distingue.
A solidez financeira é
também um fator importante para o porto de Sines, que apresenta um
endividamento zero e uma confortável situação financeira como pilar para o seu
crescimento sustentado. “Pode haver quebras, mas temos solidez para
enfrentá-las (…) Na atividade portuária isto é imprescindível (…) Estivemos a
prosperar em alturas de dificuldades na conjuntura económica porque temos
solidez financeira e um alto índice de produtividade”, destaca o presidente.
Não menos importante, João
Franco dá destaque à importância que tem a qualidade das pessoas que trabalham
no porto de Sines. “As pessoas são um valor fundamental. Há gente nova e com
uma mentalidade completamente diferente da de há vinte anos (…) que tem
formação e quer progredir na carreira, entendendo que a competitividade do
porto é condição para a evolução da situação pessoal de cada um”, salienta o
gestor, acrescentando que “isto permite ganhos de eficiência e progressão do
negócio”.
E porque o progresso
económico pressupõe empresas, é indispensável salientar o empenho dos
concessionários que investem, correm o risco do negócio, pagam impostos e geram
emprego.
Investir para crescer
A Administração dos Portos
de Sines e do Algarve aprovou para 2015 um investimento total de 21,6 milhões
de euros, dos quais cerca de 12 milhões destinam-se a regularização de fundos
do canal marítimo de acesso ao terminal de contentores e alargamento da bacia
de manobra dos navios que permitirá a futura expansão para sul. João Franco
explica que “também a concessionária PSA irá investir ainda este ano 40 milhões
de euros e gerar 150 postos de trabalho”. O objetivo é aumentar a capacidade do
terminal de 1,7 milhões para 2,5 milhões de TEUs (contentor standard), para
corresponder à procura crescente. O gestor do porto diz que “estes números vão
permitir um crescimento que vai situar Sines mais perto dos concorrentes e
fomentar o setor em Portugal”.
João Franco salienta que o
amanhã passa sempre pelo desenvolvimento e que esta é uma verdade muito
presente. Para o gestor “a economia internacional nesta atividade tende para a
concentração, e sendo as empresas de navegação cada vez maiores e com olhos
postos numa economia de escala, a exigência de capacidade dos portos aumenta,
tornando necessários cais mais extensos, pórticos com maior alcance, mais
espaço para parqueamento de contentores e ligações ferroviárias cada vez mais
eficientes”.
A expansão e o ambiente
Se falar em expansão pode
suscitar curiosidade acerca dos compromissos estabelecidos com a
sustentabilidade e os temas atuais que envolvem o ambiente, João Franco é
assertivo e apresenta a postura diferenciadora da APS. O presidente afirma que
estes interesses caminham lado a lado com as ambições traçadas para o futuro do
porto de Sines e explica: “Nós somos um porto comercial, com capacidade para
competir no mercado mundial, com cada vez mais escala, e que contribui
significativamente para a atividade económica e geração de emprego no país. A
preocupação com a vertente ambiental faz parte do nosso ADN. Estamos
certificados em todas as áreas e também nas áreas que abrigam as componentes
ambientais. A sustentabilidade e o ambiente estão em toda a empresa e isto
também nos diferencia”, conclui.
Sines e o mercado
internacional
Europa: 36%
EUA, Canadá e México: 26%
Extremo Oriente: 21%
África e Médio Oriente: 14%
América do Sul: 3%
In
“Revista Business Portugal”
- Portugal
Sem comentários:
Enviar um comentário