«Pela
luta de muitos invisíveis é que hoje estou aqui», reivindicou o autor corunhês
Domingo, 24 de maio de 2015, o
escritor Mário Herrero deslocou-se até a capela de São Gonçalo, na freguesia
portuguesa Válega — na cidade de Ovar—. Ali decorreu o ato de entrega do prémio
literário Glória de Sant’Anna, cuja terceira edição — primeira na sua dimensão
internacional — ganhou o autor corunhês.
O ato durou aproximadamente
duas horas e meia; nele tomaram a palavra quatro dos filhos de Glória de
Sant’Anna, Rui, Inez, Andrea e Afonso (família Andrade Paes); Xosé Lois García,
escritor galego e membro do júri; Jaime Almeida, presidente da Junta de
Freguesia de Válega; Domingos Silva, vice-presidente da Câmara Municipal de
Ovar e Américo Matos, do Grupo de Ação Cultural de Válega, promotor do Prémio.
Além da entrega do galardão ao galego, o poeta moçambicano Mbate Pedro,
finalista do certame, recebeu a menção de honra por parte da organização.
No ato, que decorreu entre
intervenções e atuações musicais de Lígia Martins (soprano e piano) e Tiago
Oliveira (flauta), houve umas cinquenta pessoas e o autor premiado assinou por
volta de vinte e cinco livros. A presença galega foi também notável, pois
ademais dos mencionados Herrero e García, encontravam-se entre o público o
dramaturgo João Guisán Seixas, a poetisa Verónica Martínez Delgado e o editor e
escritor Alberte Momán (O Figurante Edicións). Depois da entrega houve um breve
convívio na casa familiar dos Andrade Paes.
«Eu
sou apenas galego»
Herrero, que recolheu o prémio
de mãos de Andrea Andrade Paes, explicou na sua intervenção que não tinha
dúvidas de que a sua fala habitual galega «faz parte do português», mesmo
apesar de ser «uma variedade do português muito influenciada pelo espanhol,
após séculos de contacto, de subordinação estrutural, de submissão cultural».
No entanto, assinalou que tampouco queria «parecer português. Porque não sou
português. E eu não quero parecer espanhol. Porque esse rótulo não faz parte da
minha identidade. Eu sou apenas galego. Ainda que nem sei muito bem o que isso
significa, aqui e agora».
Como já explicara há poucos
dias em declarações ao PGL, Mário Herrero reivindicou a unidade linguística e
elogiou o papel de todas as pessoas que ainda resistem na defesa desta ideia,
mesmo quando isso provoca a marginação. «Pela luta de muitos invisíveis é que
hoje estou aqui», insistiu. In “Portal Galego da Língua” - Galiza
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