Apesar do cenário econômico
carregado e das medidas drásticas que o governo Dilma Rousseff foi obrigado a
tomar para gerir a “herança maldita” que recebeu de si mesmo, os portos
registraram aumento na movimentação de cargas no primeiro quadrimestre do ano.
Só o porto de Santos, por onde passam 27% do comércio exterior brasileiro,
movimentou no período 35,8 milhões de toneladas, resultado 3,5% superior à
melhor marca até então (34,5 milhões), obtida em 2013.
É de se ressaltar que o
resultado poderia ter sido maior, não fosse o incêndio que ocorreu em seis
tanques da Ultracargo, de 2 a 10 abril, período em que os embarques e
desembarques de granéis líquidos no Píer da Alemoa foram interrompidos e o
tráfego na área de acesso à Margem Direita ficou restrito, reduzindo em 50% a
movimentação de veículos.
Segundo relatório divulgado
pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), as operações de
contêineres também registraram evolução: foram 1,19 milhão de TEUs (unidade
equivalente a um contêiner de 20 pés), com um crescimento de 9% em relação ao
mesmo período de 2014. Em unidades, foram movimentados 767,9 mil contêineres,
com um aumento de 10,5%. A principal carga embarcada foi soja em grãos e
farelo, seguida por açúcar. Já as importações responderam por menos de um terço
da tonelagem de cargas movimentadas no quadrimestre: foram 10,8 milhões de
toneladas, com um crescimento de 3,8% no período.
Esse crescimento foi
registrado também em outros complexos marítimos. Em Paranaguá-PR, por exemplo,
houve um recorde histórico de movimentação em abril, quando os terminais
escoaram 1,4 milhão de toneladas de soja. Em Natal-RN, o aumento foi de 15%,
especialmente nas operações de frutas, trigo e equipamentos eólicos. Nos
complexos do Espírito Santo (Vitória, Vila Velha, Barra do Riacho e Praia
Mole), houve alta de 17%, atingindo-se a marca de 9,5 milhões de toneladas. Em
Ilhéus-BA, o crescimento foi de 50%, impulsionado pela exportação de minério de
ferro e minério de magnesita.
Como se vê, os portos
nacionais hoje vivem, praticamente, um boom nas exportações de commodities, enquanto os produtos
manufaturados perdem competitividade, o que tem resultado em redução de
empregos na indústria. Para piorar, o governo, a pretexto de resolver o
problema das contas públicas, só pensa em aumentar impostos. Hoje, segundo
estimativa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), paga-se
37% do Produto Interno Bruto (PIB) em impostos. E não se vê a contrapartida em
benefícios para a economia e para a população.
Seja como for, o governo
decidiu deixar de lado muitos cortes previstos para obras de infraestrutura no
setor portuário, contentando-se em cortar R$ 177 milhões, ou seja, 17,7%, indo
o orçamento de R$ 995 milhões para R$ 818 milhões. Em compensação, o Ministério
dos Transportes perdeu 36% dos recursos previstos, indo o seu orçamento de R$
15,8 milhões para R$ 10,1 milhões. Como a pasta, tradicionalmente, não consegue
gastar 50% das verbas orçamentárias, isso significa que menos obras de
infraestrutura viária serão executadas, o que fazer prever uma piora no sistema
logístico do País. Milton Lourenço -
Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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