Os países africanos de língua portuguesa apostam na
integração dos serviços para responder aos desafios na área da saúde, como o
aumento das doenças crónicas, mas deparam-se com dificuldades ao nível
informático e digital, fundamentais para esta resposta
A
ideia foi transmitida por representantes de Angola, Cabo Verde e São Tomé e
Príncipe, que participaram numa mesa-redonda no âmbito da primeira cimeira de
integração de cuidados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
que decorre em Lisboa. Neste painel participaram ainda representantes do Brasil
e de Portugal.
Helga
dos Reis Freitas, diretora nacional de Saúde Pública do Ministério da Saúde de
Angola, reconheceu a importância da integração dos serviços de saúde, mas
identificou algumas dificuldades, a começar pelo crescimento populacional, que
aumenta a um nível de 3,3% ao ano, com 60% da população jovem.
O
país africano vive um período de transição epidemiológica, com as doenças não
transmissíveis e aumentarem, enquanto prevalecem alguns problemas antigos
relacionados com as doenças transmissíveis.
A
diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, respiratórias e o cancro são
algumas das patologias crónicas que mais respostas vão exigindo ao país em
matéria de cuidados de saúde.
O
mesmo acontece em Cabo Verde, um país para o qual a integração dos serviços se
torna especialmente desafiante, por ser um arquipélago, conforme disse Maria da
Luz Tavares Mendonça, presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública
cabo-verdiano.
A
telemedicina tem sido uma ferramenta “muito importante” nesse desígnio de “não
deixar ninguém para trás, nenhuma ilha para trás”, disse.
Ainda
a nível dos desafios, referiu a esperança de vida em Cabo Verde, que se situa
nos 74 anos, e a informatização dos serviços, que é fundamental, mas ainda
apresenta “lacunas estruturantes”.
O
ministro da Saúde de São Tomé e Príncipe, Celso Matos, afirmou que o país tenta
“reverter o distanciamento entre os vários serviços: Saúde pública, cuidados de
saúde primários e hospitalares”. “Ainda não temos um serviço informatizado, que
é de importância capital, e estamos agora a implementar a digitalização dos
recursos, que se encontra numa fase embrionária”, prosseguiu.
Cabo
Verde e São Tomé e Príncipe são países de desenvolvimento médio, enquanto
Angola tem um nível de desenvolvimento baixo. A classificação dos dois
primeiros acaba por dificultar o seu acesso a financiamentos, conforme ambos os
representantes indicaram. “Podemos ser penalizados pelo nosso sucesso, pois os
apoios diminuíram”, afirmou o ministro da Saúde são-tomense, referindo que, com
a diminuição dos apoios, os avanços podem desacelerar.
Em
relação ao Brasil, e em oposição aos outros países, um dos problemas apontados
foi a sua grande dimensão, como disse Monica Seidi, representante do Ministério
da Saúde brasileiro.
Além
da “grande extensão” do território, a diversidade cultural e o elevado número
de etnias indígenas, com as respetivas línguas, também são aspetos desafiantes
para a integração dos serviços neste país de língua portuguesa.
Álvaro
Almeida, diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) português,
sublinhou a importância que a informatização e a digitalização têm na
integração de cuidados e congratulou-se com o facto de todos os participantes
falarem a mesma língua como facilitador do processo. E reconheceu que, em
Portugal, é longo o processo que conduzirá a uma verdadeira integração dos
processos, uma vez que a integração organizacional já é uma realidade.
A
primeira Cimeira de Integração de Cuidados da CPLP está integrada na 25ª
Conferência Internacional sobre Cuidados Integrados, que decorre em Lisboa,
organizada pela Associação Portuguesa de Cuidados Integrados. In “Ponto
Final” – Macau com “Lusa”
Sem comentários:
Enviar um comentário