Jornalistas timorenses defenderam à Lusa que a liberdade
de imprensa em Timor-Leste ainda precisa de melhorias e que tem de ser feito um
esforço por todos para melhorar o acesso à informação, a começar pelos membros
do Governo
Segundo
o último relatório do ranking mundial da liberdade de imprensa da organização
Repórteres Sem Fronteiras, em 2025 Timor-Leste ocupou a 39.ª posição entre 180
países, caindo 19 posições em relação a 2024, quando se encontrava no 20.º
lugar. Em 2023, Timor-Leste ocupava o 10.º lugar.
Para
Cândido Alves, jornalista da Rádio e Televisão de Timor-Leste (RTTL) e atual
presidente da Press Union Club de Timor-Leste, aos “olhos do mundo” o país
parece ser um país livre no que diz respeito à imprensa, mas “há aspetos que
ainda precisam de melhorias”. “É por isso que muitas vezes digo aos governantes
que melhorar o índice de desempenho da liberdade de imprensa não depende apenas
do esforço dos jornalistas, exige cooperação de todos os setores, nomeadamente
económico, social, político e de segurança”, disse Cândido Alves.
O
jornalista salientou que é na área política que muitas vezes enfrentam
dificuldades para, por exemplo, confirmar informações. “A contribuição do
Estado para que os jornalistas tenham acesso a fontes difíceis é também um
contributo para a liberdade de imprensa em Timor-Leste. Por isso, pedimos aos
governantes que não se escondam, nem fujam dos jornalistas quando estes
precisam de dados. Isso é importante”, explicou.
Cândido
Alves lamentou também os baixos salários pagos aos jornalistas. Admitindo que
os lucros dos órgãos de comunicação social são baixos, o jornalista afirmou que
não se pode pagar apenas o salário mínimo de 115 dólares (cerca de 102 euros).
“Isso é extremamente difícil e tem impacto no desempenho do nosso índice de
liberdade de imprensa”, afirmou.
Para
o jornalista veterano do jornal Suara Timor Loro Sae, Micael Malimau, ainda
existem lacunas que precisam de ser melhoradas, apesar de já terem passado 23
anos desde a restauração da independência, que se assinalam na terça-feira.
“Penso que o papel do jornalista é fundamental. No entanto, a realidade mostra
que ainda há impedimentos por parte do Governo sempre que os jornalistas tentam
cumprir essas funções”, disse Mikael Malimau.
O
jornalista deu o exemplo da detenção, no ano passado, de uma jornalista pelas
forças de segurança quando fazia a cobertura de despejos em Díli. “Na minha
perspetiva, a liberdade de imprensa está em curso, mas, na prática, ainda há
impedimentos por parte dos governantes. Por isso digo que, embora exista
liberdade de imprensa, ela ainda enfrenta entraves”, salientou.
Já
o jornalista do Grupo Media Nacional (GMN), Oki Ganna, afirmou que há liberdade
de imprensa, mas não é plena. “Liberdade de imprensa é liberdade para os
jornalistas fazerem a cobertura de temas de interesse público sem serem
pressionados, ameaçados ou atacados”, disse, salientando que isso inclui também
acesso a dados, fontes e documentos públicos. “A liberdade de imprensa é a
liberdade de fazer perguntas sem sermos humilhados, mas, na realidade, nada
disto acontece em Timor-Leste”, afirmou. In “Ponto
Final” – Macau com “Lusa”
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