Equipa co-liderada por investigadora do Instituto de
Investigação e Inovação em Saúde e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel
Salazar desenvolveu um penso cardíaco inteligente para ser aplicado após
enfarte do miocárdio
Uma
equipa de investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da
Universidade do Porto (i3S) e do Centro de Neurociências e Biologia Celular da
Universidade de Coimbra (CNC-UC) desenvolveu um penso cardíaco inteligente para
ser aplicado após enfarte do miocárdio. A sua estrutura é composta por um
biomaterial especial (piezoelétrico) que usa os batimentos do coração para
melhorar a sua função elétrica e ajudar na recuperação após enfarte do
miocárdio. Os resultados desta nova estratégia terapêutica foram publicados
recentemente na revista Materials Today Bio.
O
repto partiu da equipa do CNC-UC, que integra o Centro de Inovação em
Biomedicina e Biotecnologia (CiBB), liderada pelo investigador Lino Ferreira:
“Os testes in vitro com estes adesivos que libertam uma carga elétrica foram
muito promissores e decidimos experimentar em modelos animais no contexto do
enfarte do miocárdio para avaliar a sua eficácia e segurança”.
Foi
nesse contexto que se iniciou uma parceria com a investigadora Diana
Nascimento, do i3S e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS),
cuja experiência em modelos animais lhes permitiu avançar com novas abordagens
terapêuticas para o coração.
A
investigadora do i3S explica que “há poucos biomateriais desenhados para
melhorarem a condutividade do coração e os que existem fazem-no de forma
passiva. Este penso é único porque, quando colocado na superfície do coração,
tira partido dos batimentos cardíacos para gerar novos impulsos elétricos”.
Neste
trabalho, acrescenta Diana Nascimento, “investigámos o seu potencial para
melhorar a resposta do coração ao enfarte do miocárdio, uma das principais
causas de morte em todo o mundo”.
Luís
Monteiro, doutorado em Biologia Experimental e Biomedicina da Universidade de
Coimbra, e primeiro autor do artigo, sublinha que “os testes em ratinhos
mostraram que os biomateriais piezoeléctricos melhoram a condução elétrica do
coração e ajudam na sua recuperação após enfarte. Além disso, em testes com
corações de porco, a aplicação deste dispositivo não interferiu com a função
normal do coração, atestando a sua segurança”.
No
futuro, acrescenta Lino Ferreira, “esta estratégica terapêutica inovadora,
poderá eventualmente minimizar a ocorrência de arritmias, uma das principais
complicações, que podem ser fatais, do enfarte do miocárdio”.
As
duas equipas de investigadores estão já a explorar outras funcionalidades deste
biomaterial inteligente no contexto de um projeto europeu em que participam, o REBORN. O objetivo passa por
combinar os efeitos benéficos deste biomaterial com o seu potencial para
libertação controlada de fármacos para promover a regeneração do tecido
cardíaco. Universidade do Porto - Portugal
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